No Brasil, o endividamento e a inadimplência são exemplos de problemas causados pela falta de educação financeira. Sem que houvesse uma cultura de consumo racional, a renda média dos brasileiros aumentou e foi acompanhada de um maior acesso ao crédito. Como o tema não faz parte da educação formal, a vida financeira da maioria das pessoas se baseia na tentativa e erro. Quando o assunto é a maneira como se gasta o dinheiro, a maior parte dos brasileiros ainda não têm critérios racionais para tomar decisões de compra. De acordo com o SPC Brasil, mais da metade da população não possui um planejamento financeiro. Como consequência, o número de pessoas endividadas e inadimplentes aumenta a cada ano. Uma das causa do problema é porque o tema não faz parte do currículo escolar. Isso significa que o nosso sistema de ensino está focado em conteúdos abstratos, com menor aplicação prática. Em sentido oposto, a educação financeira, se incorporada desde os primeiros anos escolares, pode, a longo prazo, gerar uma sociedade mais saudável financeiramente, o que terá impacto direto na economia de todo país. Além disso, de acordo com o sociólogo Zygmunt Bauman, o indivíduo faz parte de uma sociedade que o autor denomina de Modernidade Líquida. Nela, os papeis sociais são cada vez mais fragmentados, e as pessoas buscam definir suas identidades, muitas vezes, baseadas nas relações de consumo, algo que pode ser perigoso se o padrão almejado for incoerente com a renda. Desta forma, as deficiências na educação financeira são causadas pela falta de conhecimentos sobre o assunto e um consumo baseado em critérios emotivos. Sendo assim, o Ministério da Educação deve inserir o tema nos currículos escolares, e as entidades financeiras, como a FEBRABAN, precisam investir em cursos e campanhas de finanças pessoais voltadas às famílias, a fim de minimizar o problema a curto e médio prazo.