Zygmunt Bauman, filósofo e sociólogo polonês, aponta a falta de solidez nas relações econômicas, bem como políticas e sociais, como característica da chamada ''modernidade líquida'', em vigor desde o século XIX. Atualmente, nos anos 2010, o consumo se mantém como o principal fator na construção da identidade individual, fazendo com que milhões de brasileiros sejam condicionados ao pensamento de que para ser feliz é lícito se endividar, caso seja necessário. Nesse contexto, o problema da irracionalidade financeira no Brasil é um importante tema a ser discutido no sentido de combatê-la. Sessenta milhões de pessoas estão endividadas conforme o Mapa da Inadimplência no Brasil, elaborado pela Serasa Experian. Simultaneamente, de acordo com o SPC Brasil, 85% dos brasileiros fazem compras sem um planejamento. Ambos os dados evidenciam que a falta de organização orçamentária e de educação financeira configuram, indiscutivelmente, uma das principais causas pelas quais os brasilianos são facilmente iludidos pela estratégia do crédito fácil e rápido, amplamente criticada por Bauman em seu livro ''Modernidade Líquida''. Sendo assim, medidas no sentido de conscientizar a população no que tange ao consumo, assim como acerca da administração das finanças domésticas, são fundamentais para reverter a cultura do endividamento no Brasil. Em segunda análise, pode-se concluir a partir do pensamento de Ana Paula Bastos, economista da SPC Brasil, que faltam aos brasileiros conhecimentos básicos a respeito do seus próprios recursos financeiros e renda doméstica. Assim, é inegável que o estímulo aos hábitos de poupar, de planejar e de controlar os gastos durante todos os períodos da vida, são formas de tornar as presentes e futuras gerações mais aptas para a administração do orçamento individual. Dessa maneira,a educação financeira é a principal forma de aumentar a consciência da população no que tange às finanças. Por tudo isso, o combate à liquidez econômica citada anteriormente, a fim de conter o avanço da inadimplência em função do consumo no Brasil, pode ser realizado por meio de posturas na área pedagógica e econômica. Sendo assim, a Escola, por intermédio dos conteúdos de Matemática Financeira e de Estatística Descritiva, abordados na disciplina de Matemática , deve atentar, junto a família, os educandos no sentido de planejar, organizar e atuar de acordo com os recursos disponíveis. Paralelamente, cabe ao Ministério da Segurança Financeira, em consonância com economistas, outros profissionais da área, e a mídia, por meio de propagandas veiculadas em jornais, revistas, reportagens de televisão e cartilhas esclarecedoras, disseminar o uso correto do crédito, a repartição dos gastos e a poupança, tendo em vista dar fim à essa cultura.