Índices alarmantes apontam o assédio sexual como um fato cada vez mais frequente na sociedade. A maioria das vítimas são do sexo feminino, sendo estas julgadas por grande parcela da população como responsáveis pelo abuso que sofreram. Entre as mais diversas justificativas, estão: o uso de roupas curtas, por deixarem o corpo da vítima exposto, o horário e local onde ela se encontrava no momento em que ocorreu a violência, como também o estado de consciência da vítima, que se julga estar alcoolizada ou ter feito uso de entorpecentes. Muitas mulheres também fazem parte dessa parcela da população que culpam as vítimas, ou seja, não só homens representam a chamada "cultura do estupro". Talvez isso seja um reflexo da naturalidade com que se tem lidado com esse assunto. A cultura do estupro não equivale somente ao estupro em sí, mas a mas a uma pirâmide de situações e ocorrências, da qual ele seria o topo, seguido abaixo por outros casos, como o assédio sexual, a violência doméstica, a objetificação da mulher, entre outras questões em que o sexo feminino seja colocado como submisso. O estupro é um crime hediondo, ou seja, de elevada gravidade, que usa de violência real ou presumida para se obter sexo. A violência presumida é usada com maior frequência para coagir crianças,pois para elas o que lhes é transmitido por alguém que represente certa autoridade, é tomado como certo, fazendo com que não haja questionamento, o que dificulta a identificação da violência sofrida. A cultura do estupro não retrata necessariamente o desejo sexual, mas também constitui uma relação de violência, poder e opressão. Para a mudança desse triste cenário, é necessário uma intervenção, tanto da justiça, que deve cumprir com seu papel e punir qualquer ato de violência contra a mulher, quanto da sociedade, que precisa se educar para pôr fim a essa visão preconceituosa de que o comportamento das vítimas justifica o abuso, bem como educar seus cidadãos para que não aceitem ou cometam tal ato. Portanto, independentemente da situação, violência é crime, não há motivo ou justificativa, qualquer ato dessa índole deve repudiado e denunciado. A vítima nunca é culpada. Culpado é aquele que comete o ato violento contra a integridade física ou mental do outro.