No limiar da hodiernidade vivemos um grande dilema: a crise hídrica no Brasil. Frente a essa realidade, a mistura explosiva da falta de sustentabilidade e da negligência dos órgãos púplicos tem todos os sinais para se tornar um dos maiores obstáculos a serem confrontados pelo Brasil no século atual. Nunca na história do País houve condições técnico científicas tão favoráveis à construção de um sociedade mais sustentável. Contudo, o que se observa é um cenário de desperdício, onde grande parte deste vem de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, oriundo de vazamentos por defeitos na encanação, de acordo com uma pesquisa divulgada no editorial de outubro de 2015 da revista Folha de São Paulo. Dessa forma, diante das ferramentas vigentes no século XXI, é possível se pensar em um outro tipo de sociedade: menos inconsequente. Em meio a esse contexto de crise hídrica, o manejo sustentável, relegado à condição de colateralidade pelos órgãos públicos, se configura como um dos principais contribuintes para este caos. Nesse sentido, tendo como base os princípios da física clássica, quando um circuito se sobrecarrega a primeira peça a queimar é o fusível. De forma análoga, a lógica da sociedade pós-moderna também está pautada no sacrifício dos mais fracos para sanar os interesses daqueles que detém o poder. Dessa maneira, diante da crise hídrica, não basta desejar ou defender propostas de mudança, pois palavras sem ação são como sonhos sem realidade: meras utopias. Parafraseando o escritor uruguaio Eduardo Galeano, a primeira condição para mudar uma realidade consiste em conhecê-la. Portanto, cabe ao governo levar às escolas, projetos que engendrem nas crianças e jovens o gosto pelas práticas sustentáveis, a fim de torná-los, não a geração do futuro, mas sim a geração do "aqui e agora" que contribuirá para garantir o dia de amanhã. Além disso, seria interessante que o governo, em parceria com empresas de tecnologia, criassem um aplicativo que, de maneira didática e divertida, transmitissem os meandros da sustentabilidade, com o intuito de que, independente do grau de instrução, todas pessoas possam comungar desse conhecimento. Assim, outras medidas devem ser tomadas, mas, como apregoava Oscar Wilde: " o primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação".