Policarpo Quaresma, o patriota de Lima Barreto, decidiu em seu "Triste fim" dedicar toda sua vida ao estudo da pátria, por amá-la e querê-la muito, no intuito de contribuir para sua prosperidade e progresso. Talvez hoje, no que tange à questão da desvalorização do pensamento científico no país, em contraposição ao estímulo do desenvolvimento científico, ele repensa-se acerca de sua decisão. Diante dessa perspectiva, cabe avaliar os fatores que favorecem esse quadro. A princípio, pode-se apontar que a educação é o fator principal no desenvolvimento de um país. Hodiernamente, de acordo com o Fundo Monetário Internacional, ocupando a nona posição na economia mundial, seria racional acreditar que o Brasil possui um sistema público de ensino eficiente. Contudo, a realidade é justamente o oposto e o resultado desse contraste é claramente refletido no desinteresse de tantos jovens pelo meio científico, haja vista que são desestimulados desde cedo pela falta de infraestrutura das instituições que muitas vezes não dispõem de laboratórios para o compreendimento pleno das disciplinas e os poucos estudantes que se esforçam, apesar das dificuldades, acabam enfrentando a baixa procura do mercado brasileiro por profissionais da área cientifica, forçando novos talentos a migrarem para fora do país atrás de melhores condições. Além disso, cabe enfatizar incontestavelmente que os aspectos governamentais estejam entre as principais causas da crescente descrença no pensamento científico no Brasil. O artigo terceiro da Constituição brasileira explana o dever estatal de construir uma sociedade livre, justa e solidária, garantindo o desenvolvimento nacional. No entanto, tal prerrogativa legal não tem se reverberado com ênfase na prática, uma vez que a falta preocupação com o desenvolvimento cientifico nacional pelo governo só demonstra o quão distante o país se encontra de uma sociedade desenvolvida, onde nesta um dos principais pilares é o estímulo e a valorização do pensamento científico, que proporciona como consequência o progresso da nação. É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a solidificação de políticas que visem à construção de um mundo melhor. Destarte, o Ministério da Fazenda deve implementar um projeto econômico que auxilie na parte orçamentaria de pesquisas e projetos científicos nas universidades e na criação de laboratórios em escolas públicas de todo Brasil, com o propósito de que a problemática diminua. Ademais, o Ministério da Educação deve estimular, nas instituições de ensino, a participação de jovens em campeonatos científicos premiando os melhores colocados, a fim de fomentar desde cedo à paixão pela ciência e assim, poder-se-á transformar o Brasil em um país mais desenvolvido cientificamente, e criar um legado de que Policarpo Quaresma pudesse se orgulhar.