Título da redação:

Mobilidade urbana - o paradoxo do deslocamento

Proposta: A crescente crise da mobilidade urbana brasileira

Redação enviada em 29/10/2016

O Brasil é um país que foi engolido pelo processo de urbanização. Sem um planejamento adequado, o crescimento dos centros urbanos se consolidou por meio de um paradoxo: os indivíduos migravam do campo para a cidade em busca de melhores condições de saúde, educação e oportunidades empregatícias e, em contrapartida, passaram a enfrentar a questão da precária mobilidade urbana, a qual dificulta a execução ideal da logística de bens e serviços característica das cidades. Além de possuir dimensões continentais, o Brasil abriga diversos cursos hídricos navegáveis em toda a sua extensão. Sendo assim, os meios de transporte indicados para promover a integração territorial no país são o ferroviário e o hidroviário. Contudo, os governantes brasileiros, ao sobreporem seus interesses em detrimento da nação, acabaram por incentivar o desenvolvimento dos modais rodoviários. Por exemplo, no Segundo Reinado, D. Pedro II impediu a construção de ferrovias financiadas pelo barão de Mauá por considerá-lo uma ameaça à Monarquia. Já durante o governo de Juscelino Kubitschek foi preciso permitir a penetração de multinacionais e investimentos estrangeiros, o que estimulou o crescimento da indústria automobilística e a compra de carros. Por conseguinte, o modal rodoviário se tornou o mais utilizado no país. Em paralelo a esse quadro, o capitalismo se fixou como o modelo econômico dominante, cujos princípios incutiram na sociedade o ideal de que possuir um automóvel é sinônimo de status social. Ademais, a péssima qualidade do transporte público, caracterizada por uma frota insuficiente, e a falta de segurança relacionada a assaltos, faz com que a população opte por adquirir um automóvel próprio. Uma vez que não há espaço para tantos veículos circularem nas rodovias do país, surge uma crise no que tange ao deslocamento, fundamental para que os indivíduos tenham acesso aos mais diversos serviços. Segundo o IBGE, são perdidas de 2 a 4 horas no trânsito diariamente – tempo que poderia ser aproveitado no trabalho, com a família, na educação dos filhos, com lazer, atividade física, etc –, condição que afeta o estabelecimento de relações sociais entre os indivíduos, além de contribuir para um quadro de estresse, pontapé inicial para o surgimento de enfermidades, como a hipertensão. Tendo em vista a resolução da crise na mobilidade urbana brasileira, é fundamental que o Governo invista em melhorar a qualidade dos transportes públicos, adquirindo mais veículos para compor a frota, além de construir uma logística de integração entre diversos transportes, como metrô e ônibus, e favorecer a construção de ciclovias e o estabelecimento de faixas exclusivas para ônibus. O papel da mídia é fundamental para incentivar a população a utilizar os transportes públicos e optar por veículos sustentáveis, como as bicicletas, as quais também contribuem no condicionamento físico. Como há congestionamentos nas estradas, o Governo deve trabalhar na construção de ferrovias e hidrovias, para melhor escoamento da produção nacional. Assim como a integração entre os modais é o ponto fundamental para a resolução da crise da mobilidade urbana brasileira, uma aliança entre população e Governo é peça chave para construir um novo quadro no deslocamento do país.