Historicamente, Juscelino Kubitschek, consagrado pela frase “governar é abrir estradas”, implantou o Modelo Rodoviarista, que foi manobra político-econômica para incentivar a instalação de indústrias automobilísticas no Brasil. Entretanto, atualmente, o país tem passado por uma crescente crise na mobilidade urbana, causando diversos efeitos no corpo social, seja devido à ineficácia das políticas públicas, seja em razão da cultura acerca dos transportes no território nacional. Em primeiro plano, segundo pesquisas realizadas pelo Ipea, o tempo médio de deslocamento nas maiores regiões metropolitanas ultrapassa dos trinta minutos, portanto, à medida que a facilidade de locomoção de pessoas é prejudicada, por meio de infraestruturas inadequadas, a rotina dessa população será dificultada. Nessa perspectiva, fica evidente que a políticas vigentes não conseguem suprir todo o amparo necessário, já que não há desenvolvimento urbano sustentável para assegurar a qualidade de vida dos habitantes. Além das dificuldades de deslocamento, as cidades contam com poucas medidas sociais para o uso de transportes não motorizadas. Desse modo, de acordo com o percursor da sociologia, Émile Durkheim, a consciência coletiva define as ações individuais. Ao seguir essa linha de raciocínio, nota-se que o impasse na promoção da inclusão de campanhas sobre mobilidade urbana encaixa-se na teoria do sociólogo, uma vez que, se um indivíduo conviver em um círculo social que não incentive o uso de bicicletas, por exemplo, ele tende a adotar a motorização na locomoção, devido à vivência. Então, o desencorajamento do uso de transportes alternativos, dentro da sociedade, funciona como fator indispensável dessa cultura, perpetuando o problema. Dessa maneira, com o intuito de valorizar a facilidade de deslocação no meio urbano e criar condições para o seu sucesso, é preciso que o Governo Federal amplifique as estruturas das cidades e realize campanhas de conscientização, por meio de parcerias com empresas privadas, que auxiliem na garantia do trabalhado desses setores, a fim de proporcionar ferramentas fundamentais com a intenção de desconstruir a consciência coletiva em relação ao tema. Logo, será possível continuar a acelerar os processos de superação vividos desde o Modelo Rodoviarista.