Título da redação:

Brasil: um país de poucos

Proposta: A “Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia

Redação enviada em 29/07/2015

Entre os anos de 1948 e 1994, a África do Sul atravessou um período de apartheid racial, no qual brancos e negros eram mantidos severamente separados. No século XXI, durante os últimos anos, a população mundial vivencia semelhante processo de segregação. Tal fenômeno, potencializado na atualidade e cada vez mais presente na sociedade brasileira, apresenta caráter separatista e pode desencadear impactos sociais e culturais que devem ser analisados. Primeiramente, é preciso ressaltar a supervalorização da cultura de ostentação intensificada pelas redes sociais. A constante exposição na internet, que estimula o desejo de exibir a melhor aparência, endossa o costume de "camarotização". Com isso, camarotes e áreas VIPs acabam cobrando mais do que valem, por disporem de um local disponível somente aos que podem pagar. Assim, vendendo a ideia de privilégio e exclusividade, estimula-se diretamente o modelo de "sociedade do espetáculo", onde possuir o poder de consumo não é suficiente, é preciso -principalmente- externa-lo. Em contrapartida, é necessário perceber, que, há ainda uma considerável parcela da população sem recursos para usufruir de tais meios. Dessa forma, a aspiração de igualdade daqueles que ocupam a parte mais baixa do estádio de futebol, acaba estimulando sentimentos de inveja e frustração. Como consequência, tornou-se frequente a popularização de produtos piratas ou ainda, a ocorrência de pequenos furtos. Dessa forma, conserva-se nessas pessoas a incerteza de democracia, que deveria garantir um ambiente justo e igualitário a todos. Face ao exposto, é necessário, portanto, efetiva melhoria dos serviços públicos, para que a rede privada deixe de ser a primeira opção, havendo maior interação entre as classes. É preciso, ainda, empenho midiático em prol da conscientização da sociedade, para que reconheçam os danos culturais resultantes da "camarotização" - tanto para os que viajam de primeira classe, quanto para os que vão de terceira. Só assim, reduziremos as sequelas que certamente sucederão esse apartheid social e, vislumbraremos um futuro harmônico e coerente para todos.