Título da redação:

A camarotização como desafio à uma sociedade democrática

Proposta: A “Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia

Redação enviada em 09/10/2016

Nos últimos anos, tornaram-se comuns as “zonas” especiais em shows, jogos de futebol e festas, denominadas áreas Vips. Nessas áreas, o serviço é diferenciado, e o preço bem mais elevado, sendo restritas às classes economicamente mais favorecidas. Tal fenômeno, denominado como camarotização não se restringiu à eventos e vem alcançando a sociedade como um todo, com o surgimento de escolas, hospitais, lojas e até mesmo bairros onde há uma clara distinção entre quem pode ou não os frequentar. Esta forma de segregação promove uma exclusão social cada vez maior das classes mais pobres, indo na contramão dos ideais de uma sociedade democrática. A camarotização da sociedade é um fenômeno que vai segregar as diferentes classes sociais, baseando-se no poder de consumo de cada uma, tornando então o cidadão nada além de um consumidor, o que explica a violência dada aos denominados “rolezinhos”, que eram encontros de jovens em alguns locais como shoppings. Os jovens que frequentavam os encontros eram em maior parte da periferia de São Paulo, e não possuíam alto poder aquisitivo, o que tornava sua presença desnecessária e não aceita nos shoppings, marca maior do consumismo no século XXI. Um Estado democrático pressupõe, além do direito ao voto à toda população, a igualdade entre os cidadãos, enquanto a camarotização vai se firmar sobre a ideia de privilégios. Dessa forma, o acesso à melhor educação, saúde etc fica restrito à quem pode pagar por ele. Isso explica a atual situação das universidades públicas brasileiras, onde o acesso à ela se tornou um privilégio de quem pode pagar os melhores colégios e os melhores cursos preparatórios, quando na verdade deveria ser acessível a toda população. Esta tendência a segregar os diferentes estratos sociais na sociedade entrou em conflito com a tão almejada democracia e a ideia tão discutida de inclusão social. Hoje, mostra-se cada vez mais necessária a politica de cotas em universidades públicas e bolsas de estudo em universidades particulares, como tentativa de “descamarotizar” um ambiente que historicamente se restringiu a um grupo seleto da sociedade brasileira.