Título da redação:

TDAH: sintomas de um transtorno ou de uma modernidade imprudente?

Tema de redação: A banalização do diagnóstico de TDAH

Redação enviada em 06/04/2018

Inquietação. Desatenção. Estigma social. Historicamente, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) começou a ser estudado pelo médico escocês Alexander Crichton, no século XVIII. Depois, o alemão Heinrich Hoffman publicou em 1845, o livro ilustrado “João Felpudo”, no qual relatava as histórias de um menino inquieto e bastante distraído. Séculos mais tarde, o TDAH foi cientificamente comprovado e possui tratamento, estando incluso em livros reconhecidos como o DSM V. Porém, o conturbado cotidiano trouxe problemas como o incorreto diagnóstico que pode levar a problemas na vida do indivíduo. Primeiramente, o dia-a-dia veloz, as mecânicas comunicações entre as pessoas e famílias reduz a observação cuidadosa para confirmar ou não o diagnóstico do TDAH. Ou seja, a modernidade líquida definida por Zygmunt Bauman, resulta na fragilidade das relações sociais, o que dificulta que os familiares prestem atenção em possíveis sintomas ou a ausência destes. Esse pode ser um fator complicador, visto que pode ocasionar diagnósticos incorretos. Além disso, muitos pais optam pela praticidade de medicar seus filhos ao invés de escolher a opção de uma terapia e acompanhamento próximo. É preciso separar um momento para averiguar todos os detalhes do quadro sintomático, para se avaliar as melhores alternativas de manejo do problema. Em uma segunda análise, pode-se observar que esse uso indiscriminado e facilitado de medicamentos para o TDAH pode ocasionar consequências negativas na vida das pessoas. Dessa forma, o indivíduo entende que a solução para situações mais difíceis virá do uso de remédios. É o caso, por exemplo, de estudantes que usam a Ritalina, comumente usada para o TDAH, para melhorar o desempenho em concursos, de acordo com o site "G1". Torna-se necessário que haja o entendimento de que os remédios tem uma finalidade de saúde e não podem ser utilizados de forma inconsequente. Fica claro, portanto, que o frenesi da atualidade contribui para a falta de atenção e observação de potenciais sintomas ou a falta deles, assim como a incorreta análise e diagnóstico podem levar ao uso abusivo das substâncias de tratamento do TDAH. Para sanar esses problemas, os familiares e pessoas próximas de quem tem potencial para a manifestação do transtorno devem prestar mais atenção aos seus comportamentos e auxiliar no tratamento, oferendo a opção de terapia psicológica, acompanhamento no trabalho ou escola, para que haja mais recursos de enfrentamento. Também, a Organização Mundial da Saúde deve veicular campanhas, através da televisão, das redes sociais e rádios, com o propósito de que todos saibam utilizar corretamente substâncias medicamentosas e não para resolver problemas corriqueiros. Somente dessa forma, o TDAH não mais será banalizado.