Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: A banalização do diagnóstico de TDAH

Redação enviada em 10/03/2018

Em 1902, o pediatra George Still realizou a primeira descrição sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Com isso, as primeiras explicações sobre o TDAH relacionavam os déficits de aprendizagem e de comportamento a lesões leves no cérebro. Nos dias atuais, sabe-se que essa patologia possui diversas origens, como conflitos emocionais e causas genéticas. No entanto, alguns fatores têm promovido a banalização do diagnóstico de TDAH. É importante pontuar de início que o diagnóstico precoce de profissionais desqualificados colabora para a banalização do TDAH. Em muitos casos não são feitos exames aprofundados para a diagnose de tal patologia, levando em consideração sintomas superficiais, como hiperatividade e déficit de atenção. Em relação a isso, Fábio Barbirato, psiquiatra infantil da Santa Casa do Rio de Janeiro, relata um caso de uma menina que foi diagnosticada com TDAH devido aos sintomas de euforia e inquietude, sendo que, na verdade, ela tinha transtorno bipolar e, com isso, a medicação de TDAH piorou o seu quadro clínico. Além disso, o meio em que o paciente vive é crucial para comprovar a presença de um transtorno, uma vez que comportamentos parecidos com aqueles causados por algum distúrbio psicológico têm influência direta do ambiente frequentado pelo paciente. Nesse cenário, segundo Rossano Lima, especialista em atendimento de crianças e adolescentes da UERJ, cerca de 70% das crianças diagnosticadas como portadoras de TDAH são as mais novas de suas turmas e, por isso, têm mais dificuldades em acompanhar o desenvolvimento de seus colegas mais velhos. Outrossim, o uso indiscriminado de medicamentos para TDAH puerilizam essa doença. Nesse sentido, a Ritalina, remédio popular para tratamento desse transtorno, por possuir fácil acesso no mercado, tem sido amplamente consumido por vestibulandos, uma vez que essa medicação promove aumento no foco de paciente portadores de TDAH. De acordo com um estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), entre 2003 e 2012 houve um registro, no Brasil, de um aumento de 775% no consumo de Ritalina. No entanto, uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) devido ao uso exagerado desse medicamento por alunos em fase de vestibular, comprovou que a Ritalina não traz melhoria na capacidade de armazenar informações em pessoas que não são portadores de TDAH, mas estimula graves riscos à saúde, como taquicardias. À vista disso, é reconhecível a banalização do diagnóstico de TDAH. Em tal caso, é importante que ocorra a implantação de um protocolo pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) que estabeleça diagnósticos mais completos para transtornos, principalmente o TDAH, com exames mais específicos e que contenham a avaliação e supervisão rígida de um médico, um psicólogo e pedagogos especializados, para que, assim, menos crianças sejam diagnosticadas erradamente e submetidas à medicações que possam piorar seu estado de saúde física e mental.