Título da redação:

Diminuindo a culpa.

Proposta: A banalização do diagnóstico de TDAH

Redação enviada em 26/10/2018

Sigmund Freud, pai da psicanálise, concluiu que a necessidade de ser civilizado e a incapacidade de realizar tal feito resulta em um sentimento de culpa nos seres humanos. Nesse contexto, pode-se dizer que a hodiernidade vive um aumento dessa sensação. Dessa forma, as pessoas que não se encaixam em padrões comportamentais ou que não obtêm resultados significativos sofrem com a exclusão social. Assim, o número de diagnósticos de Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade aumenta cada vez mais, uma vez que esse distúrbio está diretamente ligado à capacidade cognitiva. Contudo, muitos desses laudos podem ser considerados arbitrários, e cabe ao Governo definir regras eficazes e conscientizar a população quanto ao assunto. Outrossim, fica evidente que o cerne do problema é a ingerência que alguns profissionais da saúde têm quanto a essa banalização. Nesse sentido, o acompanhamento do paciente e a real necessidade de medicamentos muitas vezes são deixados de lado em prol dos lucros obtidos com a simples prescrição de receitas. Esse fato ocorre principalmente quando pessoas buscam ajuda médica para aumentar suas aceitações e desempenhos em concursos ou no mercado profissional. Dessa maneira, percebe-se que essa prática atende a um ideal capitalista, confirmando a ideia do historiador Eric Hobsbawn, o qual defende que a exclusão é fruto do capitalismo. Convém ressaltar, também, que o costume irracional de autodiagnóstico é relevante na questão. De acordo com isso, pais buscam ajuda psiquiátrica para os filhos de forma quase irrefreável, a fim de sanar qualquer comportamento diferente das crianças. Assim, deixam de levar em conta os comportamentos típicos de cada idade e os malefícios que o uso indiscriminado de fármacos pode fazer a longo prazo. Nesse sentido, o pensamento do sociólogo Max Weber deve ser priorizado, quando defende que todo indivíduo é dotado de capacidade para assumir uma posição consciente no mundo. Nesse caso, a consciência relaciona-se ao entendimento do que é a condição de TDAH. A problemática, portanto, pode ser resolvida com políticas públicas específicas. Para isso, o Poder Legislativo deve criar uma lei que obrigue os Conselhos Regionais de Medicina a fiscalizar os diagnósticos de TDAH. Para isso, os psiquiatras devem apresentar relatórios de acompanhamento dos pacientes, explicitando comportamentos que comprovem os laudos. Com isso, a quantidade de diagnosticados diminuirá. Ao Ministério da Saúde, cabe o papel de conscientização dos cidadãos. Dessa forma, deve promover propagandas publicitárias que alertem a importância de um diagnóstico correto. Tais anúncios devem ser veiculados nas emissoras de rádio e televisão, alcançando o maior público possível. Somente assim o sentimento de culpa preconizado por Freud será diminuído.