Não é de hoje que ocorre a banalização de transtornos neurológicos em crianças. Com o advento de tecnologias provenientes do avanço da medicina no século XX, tornou-se possível o diagnóstico de enfermidades como o TDAH (Transtorno déficit de atenção com hiperatividade). Porém, por ser um fato recente, enraizou-se na sociedade um tratamento, em muitos casos, desdenhoso à pessoas com os sintomas desta doença. Nesse contexto, convém analisar as causas desta adversidade social com a finalidade de dirimi-la. As causas da banalização do diagnóstico do TDAH são, principalmente, o uso indiscriminado de medicamento, como a Ritalina, utilizados no tratamento do transtorno, como um meio para aumentar a performance intelectual. Além disto, há o descaso, muitas vezes, de familiares ao associar o comportamento do indivíduo a outros fatores não relacionados com os sintomas da perturbação neurológica. Outro agravante do problema é a escassez de entidades especializados no diagnóstico e tratamento do transtorno em contraposição à grande incidência de casos de TDAH no Brasil - 2 milhões de casos ao ano - tendo como consequência o falso reconhecimento dos sintomas da doença, resultante da falta de uma investigação aprofundada dos indicativos da perturbação cerebral. Como dito por Confúcio, não corrigir nossas falhas é o mesmo que cometer novos erros e, por isto, para dirimir este problema, é imprescindível que instituições públicas, como o Ministério da Saúde, cooperem para mitigar esta contrariedade por meio de campanhas de conscientização em escolas e mídias sociais, possibilitando a difusão do tema à sociedade visando o diagnóstico correto do TDAH e em relação ao uso indiscriminado de medicamentos destinados no tratamento do transtorno. Torna-se necessário, também, a elaboração de um setor público de saúde especializado no reconhecimento dos sintomas e tratamento nos primeiros anos do indivíduo, possibilitando o seu pleno desenvolvimento comportamental e social.