O momento epifânico de Macabéa, personagem de Clarice Lispector, demonstra bem como a negligência social só se quebra diante de tragédias. De forma análoga, a apatia social acerca das minorias e dos jovens são chaves para a incidência do HIV no Brasil. Ainda que haja um forte protagonismo do Ministério da Saúde, o combate ao vírus tem encontrado obstáculos justamente no âmbito social. Vê-se que o fundamentalismo religioso e o tabu da sexualidade impedem o acesso de jovens a informações e os afastam das medidas preventivas. Tais obstáculos aumentam a incidência do vírus na população jovem e LGBT, levando várias vítimas a óbito no longo prazo, pois estas dificilmente fazem o teste. Esse tabu envolve as profilaxias e cria uma cultura pouco educada à precaução em momentos de euforia e excitação. Fica claro, portanto, que a educação sexual é tão vital quanto as campanhas de tratamento e prevenção. Por isso, a primeiro plano deve-se estimular rodas de discussões nas escolas e induzir a reflexão familiar para educar os jovens à prevenção e teste de HIV. Dessa forma, o primeiro passo para quebrar o tabu será dado.