Embora venham ocorrendo muitos avanços no campo da legislação responsável por garantir os direitos das mulheres, especialmente após a promulgação da Lei Maria da Penha, ainda há muito o que melhorar e mudar na atual conjuntura brasileira. A frequente ocorrência do crime de feminicídio evidencia a enraização do machismo na nossa sociedade, pois em uma comunidade em que há abomino a práticas de desrespeito à mulher esse tipo de atrocidade não seria tão socialmente aceita, logo não ocorreria com tanta assiduidade. Deste modo, dois aspectos precisam ser abordados: o feminicído como reflexo de uma cultura de desrespeito, e o descaso do Estado com as vítimas de abusos, que ao buscarem ajuda sente-se ainda mais intimidadas. O feminicídio apresenta-se como uma consequência direta da prática do desrespeito à mulher que acontece diariamente. A partir do momento em que ocorre a banalização do assédio moral e sexual ou quando ocorre a culpabilização da vítima, cria-se uma cultura que, ao mesmo tempo em que negligencia, permite a execução de crimes cada vez mais graves contra as mulheres. Ademais, a mídia ao ausentar-se da divulgação, com o devido repúdio, desse tipo de desacatos também acaba minimizando a gravidade do problema. Outra esfera que ganha foco é a dificuldade que muitas mulheres encontram em buscar ajuda nos casos de violência doméstica por sentirem-se intimidadas. Isso decorre do descaso do Estado que ainda não oferece um serviço apto a fazer com que as vítimas sintam-se seguras, pois, geralmente, são atendidas por homens tanto nas delegacias, quanto nos hospitais. Desse modo, além da vergonha, também surge o medo de serem hostilizadas e julgadas, fazendo com que elas continuem submetendo-se aos maus tratos e até mesmo a futuramente um caso de femincídio. Assim, surge a necessidade de uma política pública que invista em, não apenas delegacias especiais para mulheres, como também hospitais para que as vítimas possam sentir-se seguras em seus exames e confissões. Ademais, também evidencia-se a importância de uma mudança cultural que desconstrua o machismo existente no Brasil, isso só pode ser feito através da família e escola como instituições educadoras e formadoras de opinião, e com o auxílio da mídia que deve ressaltar os movimentos de empoderamento da mulher e de igualdade de gênero.