Título da redação:

Mire-se no exemplo daquelas mulheres

Tema de redação: Violência contra a mulher: o feminicídio no Brasil.

Redação enviada em 01/12/2015

O sociólogo Muniz Sodré dividiu o conceito de violência em duas dimensões: ato e estado, ambas deletérias. Observando isso, é atual e relevante o debate, no Brasil, acerca da recorrência de casos vitimando a parcela majoritária de sua população: as mulheres. Sendo assim, entender tal fenômeno para buscar revertê-lo: eis a chave para uma sociedade mais justa e igualitária. Em primeiro lugar, deve-se apontar o aspecto cultural. De fato, apesar de vivermos em plena "Era digital", com a democratização da informação e a flexibilidade das relações, é fácil perceber a herança de uma sociedade patriarcal, em que o homem representava a figura provedora e central da família. Isso porque, comumente, a mulher é exposta, em peças publicitárias, como um mero "prêmio" pelo consumo de determinado produto. Enquanto não mudarmos isso, estaremos distantes de praticar o exercício da alteridade; ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outro e pluralizar sua visão de mundo. Por isso, cabe destacar a necessidade de ampliar leis, reforçando-as. Aristóteles disse: "Lei é a razão livre da paixão". Temos um bom exemplo de sucesso com a Lei Maria da Penha. Há quem diga, no entanto, que não deveria haver leis específicas para um determinado grupo. Essa visão é errônea, uma vez que, como na Biologia, devemos estancar um sangramento, antes de deixá-lo cicatrizar totalmente. Em função disso, há a necessidade de constante aprimoramento. Além disso, é essencial o papel da arte. Chico Buarque, por exemplo, usou a ironia em sua música "Mulheres de Atenas", a fim de incitar a população feminina contra abusos. Simone de Beauvoir, ícone do Existencialismo, já disse que a mulher se constrói com o tempo. Tais mensagens possuem apelo, lógica e, principalmente, vêm ao encontro da presente discussão. Fica evidente, portanto, que o problema requer esforço de vários setores, com o fim de desconstruí-lo. Em curto prazo, cabe ao Terceiro Setor – composto por organizações sem fins lucrativos –, em conjunto com a mídia, divulgá-lo, inserindo o debate na família. Em longo prazo, o governo deve aprimorar leis que coíbam a violência contra a mulher; também deve obrigar escolas a exibir, pelo menos uma vez por semana, filmes que levem à reflexão sobre os efeitos desse mal. Assim nos tornaremos um país que, além de admirado, será mirado por outros.