A continuidade de uma estrutura cultural, política e econômica que carrega traços predominantemente machistas se traduz, na esfera do privado, na persistência das muitas formas de violência contra a mulher. Essa máquina produz uma sociedade feminicida no sentido literal e também no sentido figurado: é difícil estimar a quantidade de mulheres "emocionalmente mortas" por serem oprimidas e violentadas moral e psicologicamente. Interromper esse ciclo de machismo e violência passa por uma série de ações que visem o empoderamento da mulher. A Lei Maria da Penha representa um grande avanço nesta direção, principalmente por sua repercussão no âmbito da conscientização. Porém, apesar dos mais de trezentos e trinta mil processos envolvendo a Lei que chegaram aos juizados especializados em cinco anos, grande parte deles demora para ser julgada. Além disso, na última década, os números da violência no Brasil só aumentaram. Garantir a eficácia da Lei passa por proporcionar segurança para as mulheres que denunciam. Segurança enquanto garantia de integridade física, mas também segurança financeira, possibilidade de criar os filhos e um bom horizonte de expectativas. Ou seja, para empoderar a mulher e assim torná-la corajosa para denunciar, é preciso que o Estado proporcione um conjunto de fatores como o estímulo para a inserção não marginal ao mercado de trabalho, o acesso à formação educacional e o oferecimento de creches em período integral.