Título da redação:

Trote violento: retrocesso social

Tema de redação: Trotes universitários

Redação enviada em 28/05/2015

Segundo Thomas Hobbes, no estado natural, o homem é o lobo do homem. Dessa forma, sem a adoção de regras e normas para garantir a estabilidade social, seria impossível a convivência harmônica entre as pessoas. O trote universitário, nessa perspectiva, é o reflexo de que o ser humano, em sua essência, carrega a selvageria dos primeiros de sua espécie. Afinal, que tipo de indivíduo, considerando a atual adoção do país frente ao ético e moral, promoveria um "ritual de passagem" tão violento e ofensivo? É válido salientar, a princípio, que o trote agressivo, para a grande maioria de seus praticantes, é visto meramente como uma brincadeira. Evidencia-se nessa, no entanto, a perpetuação de um sentimento de vingança para com os calouros, enquanto esses, muitas vezes, permitem-se às práticas [permitem as] abusivas no âmbito da integração social. Esse panorama torna-se ainda mais grave quando nota-se a adoção de políticas quase sempre permissivas pelas universidades, tratando os trotes meramente como uma tradição ou algo do tipo. Dessa forma, cria-se um ciclo interminável, no qual as vítimas transformam-se nos agressores e os acadêmicos recém-chegados, nos alvos dos atos cruéis. Nessa linha de raciocínio, o fato de ferir os direitos de um cidadão, por si só, já se constitui de uma prática criminosa, passível à [de] punição. Porém, soma-se a isso, a infeliz utilização de artifícios preconceituosos, no intuito de fomentar a humilhação sofrida pelos novos alunos pertencentes a uma certa classe social, partindo de relações com a cor da pele à opção sexual. Logo, estigmatiza-se, desde as instituições públicas, uma impetuosa e cruel aversão à diversidade do meio coletivo, traduzidas pela banalização de mortes em fator dessa heterogeneidade. Nesse contexto, portanto, os trotes mostram-se como práticas abusivas e destrutivas no meio acadêmico. A hierarquia imposta pelos veteranos dessas instituições advém de uma cultura herdada de seus antecessores. Torna-se, portanto, imperativo a intervenção das universidades na aplicação de políticas mais restritivas e rígidas em relação ao problema, bem como a modificação e adequação de leis que dificultam a punição dos opressores das instituições de ensino. A sociedade modernizou-se ao logo dos anos. Opressão não é avanço, é retrocesso.