O trote nas universidades brasileiras tem como objetivo principal a integração do calouro à instituição e a seus colegas de curso. Através dele, o recém-ingresso tem a oportunidade de conhecer a maior parte das pessoas que fazem o mesmo curso que ele, não apenas os colegas de turma, mas também os dos outros anos. Além de enturmar-se com outros estudantes, o calouro também tem a oportunidade de esclarecer dúvidas a respeito da instituição, das matérias e dos professores, de forma a conseguir um entendimento mais amplo a cerca da instituição com a qual vai passar anos vinculado. E esse processo de familiarização, graças ao trote, tem início antes mesmo do começo das aulas. Após um ano árduo de estudos e estresse por conta do vestibular, fazer jogos e brincadeiras com os mais novos colegas parece um bom jeito de comemorar. O problema começa quando nem todos os veteranos responsáveis pelo trote entendem o significado daquilo que estão fazendo. Alguns veteranos, por conta de alguma falha em sua educação familiar, para alimentar seus egos, ou mesmo pela necessidade de autoafirmação, tomam medidas que pretendem demonstrar superioridade em relação aos calouros. E a partir do momento em que alguém pretende se mostrar melhor ou superior a uma outra pessoa, utilizando como prerrogativa questões sociais, financeiras ou, no caso, a experiência que possui em algum ramo de conhecimento ou numa instituição, nenhum bom resultado pode ser esperado, e é certo que algum tipo de abuso vai acontecer. O respeito precisa ser a base de qualquer tipo de relação. Para os veteranos que não ainda entendem os benefícios de um trote saudável, um lembrete: aquele que está ingressando agora na instituição em que você já está vinculado, não é menos inteligente, nem menos capaz, nem menos pessoa que você. Ele possui uma história e uma experiência de vida assim como todos a quem você respeita. Ele vai um dia se formar, assim como você, e você não vai ser um profissional melhor apenas por ter entrado na universidade primeiro. Então, na hora do trote, respeite a pessoa à sua frente: pela sua história de vida, pela sua capacidade, e pelo que ela ainda será.