Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Trotes universitários

Redação enviada em 22/09/2017

De acordo com o contratualista Hobbes, “o homem é o lobo do homem”. Transpondo essa máxima à realidade social brasileira, avalia-se o trote universitário nacional como uma afronta humana, devido não só à sua desvirtuação histórica, como também à sua farsa para o cometimento de crimes. Logo, cumpre à sociedade analisar as causas desse entrave e pensar possíveis caminhos para mitigá-lo. De fato, o trote transformou-se numa atividade opressora. A origem desse ritual de passagem da vida escolar à acadêmica provém da Idade Média européia. Naquela época, o evento promovia a integração do corpo discente pela identidade, já que muitos alunos raspavam a cabeça, e, deste modo, expandiam seus laços de amizade. No entanto, a relação calouro-veterano, primeiramente harmoniosa, deteriorou-se cronologicamente, tornando-se desrespeitosa e agressiva, visto que os alunos experientes recorrem a práticas de “caráter sadomasoquista” – como disse o professor da UFSCar Antônio Zuin – para denegrirem a imagem dos novos universitários. Com isso, essa onda de ódio se propaga exponencialmente na sociedade, contribuindo com a submissão dos novos discentes aos antigos, demonstrando a mudança de caráter desse ritual de passagem ao longo do tempo. Aliás, agregado à exclusão, ressalta-se o trote como um modo impune de cometer crimes. Segundo Foucault, “as relações humanas são baseadas no poder”. Diante desse postulado filosófico, pode-se dizer que, devido à negligência universitária ao acompanhamento desse ritual, os veteranos se valem da prerrogativa da inclusão social para impor ao calouro sua suposta superioridade, através de ofensas, bullying e agressões físicas. Dessa forma, eles infringem o Artigo Quinto da Constituição ao submeterem os novatos a tratamentos degradantes, além de violarem o Princípio da Dignidade Humana. Assim, a falta de fiscalização das universidades acarreta a impunidade e, por conseguinte, tortura, crimes de ódio e mortes. Fica evidente, portanto, que a desvirtuação histórica do trote e sua impunidade exprimem o contraponto entre a integração social e o abuso do poder. Para reverter esse quadro, cabe às universidades, em parceria com o MEC, promover palestras educativas acerca da necessidade da retomada do trote harmonioso, como era antigamente, por meio de sociólogos, a fim de promover o bom relacionamento de antigos e novos estudantes. Além disso, incumbe ao Poder Legislativo, em ação conjunta com o Poder Executivo, criminalizar o trote violento, por meio da criação e aprovação de leis, com o fito de preservar a integridade e a dignidade dos novatos. Dessa maneira, a máxima de Thomas Hobbes será revertida no âmbito universitário mediante o comprometimento da sociedade.