Historicamente, o primeiro contato de muitos jovens com a faculdade começa com trotes universitários violentos e humilhantes e tal paradigma só começou a ser contestado com mais vigor nos últimos anos. Conquanto tenham sido obtidos avanços no que se refere à percepção por parte das instituições, a violência contra o calouro é uma problemática persistente no Brasil. Esse fato se deve às dificuldades em encarar a situação e a lenta mentalidade social. Se as faculdades possuem responsabilidades inerentes a formação e educação de seus alunos, estes por sua vez também devem assumir um compromisso junto à sociedade que representam. Desse modo, o desafio vai além de enxergar a universidade como um mero caminho ao mercado de trabalho. A importância dela, passa pela criação de um ambiente propício ao desenvolvimento de cidadãos conscientes, com valores fundamentais para o exercício de uma vida saudável. É valido salientar que a violência é naturalizada nos ambientes acadêmicos. Ela se revela não apenas entre estudantes, mas também na relação professor e estudante, nos atos de ridicularizarão do aluno ingressante em hábitos culturais como piadas populares. Essa é a opressão simbólica da qual trata o sociólogo Pierre Bourdieu: a violação aos Direitos Humanos não consiste somente no embate físico, ela esta, sobretudo, no ato de perpetuar preconceitos que atentam contra a dignidade de um grupo social. Nesse contexto, faz-se necessário mudar a rota e desde já trilhar o caminho da construção de uma nova visão. Assim, em primeiro lugar, é preciso endurecer as penalidades para coibir essa prática, desse modo, o Estado deve tipificar o trote como crime de ódio e hediondo. Somado a isso, as escolas deveriam colocar os estudantes na linha de frente do voluntariado, criando condições e incentivando, por meio de palestra, eventos e programas específicos que envolvam atividades de cunho social e ambiental. Com isso, a sociedade brasileira, com certeza, irá agradecer e recompensar esses universitários comprometidos com o futuro do país.