Título da redação:

O trote como a representação do retrocesso

Tema de redação: Trotes universitários

Redação enviada em 01/09/2015

O trote universitário, prática retrógrada que remete ao medievo e permanece instituída nos dias atuais, tem como objetivos inserir o calouro no mundo universitário, de modo a acolhê-lo, e, concomitante e paradoxalmente, demonstrar sua suposta inferioridade ante os veteranos - o que pode levar a prática a assumir caráter violento. Esta deve ser, portanto, reestruturada, para que atenda ao bem-estar do ingressante no ensino superior. Assim sendo, o trote permite que o machismo, o racismo e a violência sejam justificados, sob a alegação de que não passa de uma mera brincadeira. Pode-se observar, por exemplo, o caso de um trote aplicado aos calouros da Faculdade de Direito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), no qual os calouros foram submetidos a torturas (ficaram presos a postes; amarrados por correntes), além de, após travestidos de negros, terem sido humilhados em frente a câmeras, tendo suas imagens veiculadas juntamente a veteranos que encenavam uma conhecida saudação nazista. Observa-se, assim, que o trote foi utilizado como justificativa da opressão racial. Trotes machistas também são comuns, e a hierarquia que permite ao veterano constranger o calouro, também faz com que, por questão de preconceito de gênero, as calouras sejam hostilizadas e humilhadas frente aos homens. E toda essa prática oferece os requisitos necessários à aparição de diversos problemas na vida da vítima, como distúrbios psicológicos e inadequação social. Portanto, conclui-se que o Legislativo deve dar maior importância ao problema em questão, criando leis que visem coibir a prática de trotes violentos. A Universidade, por sua vez, tem de tomar uma postura inflexível na mesma direção. Entretanto, a condenação moral do trote violento é, sem dúvida, o pilar fundamental para a mudança consciente de atitude, e deve ser reforçada pelo núcleo familiar e pela sociedade civil. Deste modo, a sociedade brasileira poderá rumar, definitivamente, do estado moral medieval ao paradigma contemporâneo.