Título da redação:

O trágico reflexo da sociedade

Tema de redação: Trotes universitários

Redação enviada em 31/10/2016

Karl Marx, um dos fundadores da sociologia, defende que a sociedade é uma composição entre o novo e o velho. Além disso, para ele, a opressão social decorre dessa composição, pois o velho sempre terá interesse em manter as relações sociais livres das mudanças trazidas pelo novo. Infelizmente, o trote em instituições educacionais reverbera o que Marx teorizou: os veteranos, mesmo que inconscientemente, oprimem a novidade personificada nos calouros, tornando o trote um trágico reflexo do ideal de opressão. Assim sendo, malgrado aparente não ter maldade, esse rito de iniciação comina na juventude os conceitos de dominação, de enfrentamento e de desigualdade, tentando mostrar que estes são naturais e imutáveis. Com isso, o jovem é levado a crer que deve sempre submeter-se àquele que está em posição de dominância e de superioridade. Dessa forma, isto impede as mudanças sociais e coaduna à opressão, ao preconceito e à discriminação. O cinema, por sua vez, tentou muitas vezes chamar a atenção da sociedade: o filme “O Trote dos Sádicos”, dirigido por Aldir Souza, utilizou-se do humor para criticar essa atitude e mostrar os problemas que essa pseuda brincadeira acarreta. Além disso, os calouros que se recusam a participar desse cruel rito de iniciação são excluídos e vítimas de um processo social estudado pelo também fundador da sociologia, Émile Durkhein. Segundo ele, todos os que fogem dos ditames da sociedade são imediatamente rechaçados das relações coletivas. Isto assusta os que não querem submeter-se ao trote universitário, obrigando-os a abrir mão da própria liberdade por medo da exclusão. Sendo assim, fica claro que o trote é reflexo da luta entre o opressor e o oprimido, entre a liberdade e o medo. Portanto, para impedir a continuidade desse bárbaro rito de iniciação, faz-se necessário que o Congresso Nacional o transforme em crime, por meio de uma modificação na lei penal. Como também, as agremiações estudantis, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), devem promover novas formas de recepcionar os calouros, por intermédio de campanhas de conscientização em redes sociais. Desse modo, os jovens se sentiriam livres e o novo não mais limitado. Aos poucos, atitudes como o fim do trote opressor transformariam não apenas a vida universitária, mas sim toda a sociedade.