A prática de "trotes" em Universidades brasileiras tem despertado preocupação entre muitos pais e estudantes calouros do ensino superior. Alunos veteranos obrigam os novatos a realizar proezas cada vez mais repugnantes e desmoralizantes em vista da ética e da própria Constituição. Além disso, cria-se um ambiente de marginalização entre os mesmos, bem como desenvolve práticas raciais que incide ao discurso do ódio. Apesar do "trote" ser de origem histórica relativa à sociedade nobre e à plebe, os efeitos consequentes revelam a discrepância com as leis brasileiras, pois essas defendem expressamente a dignidade, a imagem e a honra do indivíduo enquanto cidadão. Entretanto, a entrada de calouros na faculdade e as atitudes que são necessárias para uma futura "aceitação" diante dos demais tornaram-se desumanas, uma vez que envolve a integridade física e/ou mental, como ocorreu quando uma aluna foi pintada de negra e acorrentada simbolizando a escravidão. Em outro aspecto, é sabido que a Constituição proíbe a incitação do ódio, ou seja, manifestações racistas contra outros grupos sociais caracterizados como inferiores. Mas, os calouros, que são excluídos do sistema interno dos veteranos e submetidos a tolerar certas condutas autoritárias, estão vulneráveis a aprimorar as ideias e também repassá-las para a futura geração de estudantes. Isso revela a incoerência com o Estado democrático dentro e fora das instituições de ensino superior. Diante dos fatos, é fundamental acrescentar normas reguladoras internas provindas da própria Universidade, as quais atenderão aos Direitos fundamentais do cidadão, bem como estabeleça punições plausíveis àqueles que desobedecê-las. Nesse aspecto, o teor dos "trotes" poderá se estruturar acerca de momentos de solidariedade e relações sociais mais dignas que demonstrar um retorno ao sistema autoritário.