Título da redação:

O lobo atrás da mascara

Tema de redação: Trotes universitários

Redação enviada em 20/02/2015

Segundo Thomas Hobbes, no estado natural, o homem é o lobo do homem. Dessa forma, sem a adoção de regras e normas para garantir o controle social, seria impossível a convivência harmônica entre as pessoas. O trote universitário, nessa perspectiva, é o reflexo do que, o ser humano, em sua essência, carrega a herança de sua selvageria. Afinal, que tipo de indivíduo, considerando a atual adoção daquilo que é ético e moral, promoveria um "ritual de passagem" tão violento e ofensivo? Para a grande parte dos praticantes do trote violento, o ocorrido trata-se meramente de uma brincadeira. Mas, na verdade, o que se vê é uma perpetuação de um sentimento de vingança diante dos novos integrantes, sendo que, esses, muitas vezes realizam as brincadeiras no âmbito da integração social. Assim, forma-se um ciclo interminável, em que a vítima transforma-se no agressor e os acadêmicos, recém-chegados, passam a ser alvos dos atos violentos. É ainda mais grave quando se é observado que, em certos casos, as universidades adotam políticas permissivas, tratando os trotes meramente como uma tradição, ou algo do tipo. Contudo, o problema vai além da ocasião em que o trote é aplicado. Ao reconhecer que esse tipo de indivíduo, que sente prazer em detrimento do sofrimento de outro, constituirá parte da PEA(População Economicamente Ativa), observa-se uma sociedade pouco humanizada. Além disso, é importante destacar que essas provocações acabam causando o afastamento e a desistência de muitos membros das instituições de ensino. Dessa forma, acabam restringindo a formação, em certos casos, de profissionais mais bem qualificados, afetando, assim, na qualidade do serviço oferecido, sobretudo, pelo sistema público. Com isso, os trotes mostram-se como práticas abusivas e destrutivas no meio acadêmico. A hierarquia imposta pelos veteranos dessas instituições, advém de um sentimento de vingança para com seus antecessores. Torna-se, portanto, necessário a intervenção das universidades na promoção de políticas restritivas e rígidas para dissolver esse problema. É necessário, também, que a vítima seja ciente de seus direitos, já que a constituição brasileira garante que ninguém é obrigado a nada, senão perante a lei. Assim, evidencia-se um problema bastante preocupante e recorrente, que, apesar de tudo, ainda é visto por muitos como apenas uma brincadeira.