Título da redação:

O ciclo do abuso de poder

Tema de redação: Trotes universitários

Redação enviada em 21/02/2015

A maioria dos vestibulando recém-ingressos nas Universidades, tem no início do semestre, sobretudo no dia da matrícula, momento controverso de intensa felicidade e medo. Felicidade proporcionada pela aprovação e medo adquirido por meio do histórico de repressão aos "novatos". Essa condição de dicotomia, tem no momento do "trote" a revelação, e, pelas constantes denúncias dos universitários calouros, a integração social é substituída pelo abuso de poder, sendo constante o constrangimento. A felicidade do recém aprovado cessa no momento do trote. O que seria um momento de acolhimento e integração dos novos universitários transforma-se em um "batismo" ou "ritual de passagem", no qual a participação não é facultativa. Esse controle na participação nos trotes é criado pelos próprios aprovados. Isso se deve a opressão dos veteranos e pelo medo em não ser "recebido" no meio social. Dessa forma, o "batismo" do trote serve como um instrumento para criação do medo e posterior do ódio, ao contrário da utopia dos "veteranos" de que estão criando o respeito para com os "dono da casa". Posto isso, deve-se admitir que o sentimento de inferioridade é construído nos novatos, sendo este, substituído no próximo ano pelo sentimento de superioridade. Por conta da atual situação, o antigo novato, agora veterano, enxerga os novos alunos como "presas" para infligir suas mágoas. A humilhação e o constrangimento adquiridos no ano anterior, "concedem" o direito ao veterano sucessor. Essa é a equivocada e errônea concepção de grande parte dos universitários e é o que mantém o ciclo do abuso de poder no trote. Outro fator que denota o caráter abusivo dos trotes universitários são as denúncias dos estudantes. Pinturas e cortes no cabelo transformam-se em meras brincadeiras próximo ao que é executado em algumas universidades. Depoimentos de violência física, psicológica e verbal e até mesmo mortes são frequentes e acabam arquivados ou ignorados pelas instituições de ensino. Para solucionar esses problemas é preciso muito mais que CPI's de apuração dos casos de trote violento. Deve-se ser organizado pelo Ministério da Educação leis que obriguem a criação de regimentos internos para controle dos trotes nas Universidades. Dessa forma, os envolvidos em casos de violência e abuso de poder serão punidos. Além disso, os próprios universitários, em conjunto com a instituição devem sugerir novas opções de integração, como atividades de reconhecimento da Universidade e do Curso; sendo a participação facultativa. Somente assim, o trote universitário deixará de ser um abuso de poder e será uma integração social.