Após meses, muitas vezes anos, de preparação e estudo para o ingresso em uma boa universidade pública, finalmente chega o tão esperado dia: a primeira aula na faculdade sonhada. Mas o que tem feito desse dia que era para ser marcante e inesquecível, tão temível e terrível? Os trotes universitários, uma brincadeira entre estudantes que era para ser saudável e de integração social, tem se tornado o pesadelo da maioria dos calouros das universidades públicas no Brasil atualmente. Relatos de jovens que deixaram de ingressar em determinada universidade pública por medo dos trotes não são poucos, e levam a pensar a que ponto essa situação chegou. Pais que ficam extremamente preocupados com os filhos, que na maioria das vezes mudam de cidade e até mesmo de estado para entrar na tal universidade, estão espalhados por todo país. O abuso do falso poder dos veteranos os levam a expor os calouros a situações ridículas e degradantes, tudo para mostrar uma superioridade inexistente, trazendo um ciclo vicioso, afinal tudo o que foi sofrido por aquele novato será feito muitas vezes em proporções piores com brincadeiras ruins com o ingresso de novos alunos no ano seguinte. Notícias sobre como alguns desses trotes chegaram a ser extremamente perigosos circulam por todo o país. Já não há mais aquele frio na barriga sobre como serão as aulas ou os professores. Há uma verdadeira preocupação com trote que será sofrido e até que ponto ele chegará, e muitas vezes chega em morte. Jovens que almejaram tanto na vida,tiveram a mesma destruída por algo fútil e desnecessário, pois os trotes há muito tempo não promovem mais a integração social e sim uma segregação nas faculdades. Muitas vezes, a violência pode não ser física, mas psicológica; pois muitos são submetidos a verdadeiras humilhações. Esse tipo de ritual, em nada engrandece o nome da universidade e deveria ser fortemente combatido pela mesma. Afinal, depois de tanta dedicação, os calouros mereciam ter uma recepção mais agradável e satisfatória com algum trote que fosse benéfico e realmente cumprisse seu propósito: o de comemoração pela chegada dos novos alunos, com brincadeiras que inserissem os calouros nessa nova fase da vida. Há poucas medidas concretas contra quem pratica tais atos por todo o país, já que as proporções que um trote pode tomar só foram sendo analisadas recentemente. Deve haver um projeto de conscientização dos jovens para a mudança na maneira de lidar com os trotes, afinal muitos tem medo de relatar o que sofreram e serem excluídos socialmente, além de que os próprios veteranos deveriam ser mais fiscalizados e informados sobre os malefícios desse tipo de entretenimento com os calouros. O trote positivo e sadio deve ser estimulado e as universidades tem de construir projetos de medidas mais rígidas contra quem tem esse tipo de atitude. O caminho para uma entrada mais tranquila nas universidades públicas necessita de tanta atenção e cuidado quanto para prestar o vestibular para as mesmas.