A Idade Média foi o berço de muitos costumes e hábitos que hoje integram nossa sociedade e, entre eles, se destaca o famoso ritual de passagem, que persiste desde a época, conhecido popularmente como “trote”, ato de humilhação e submissão aplicado aos calouros – recém aprovados em universidades– através de seus veteranos. Ser aprovado na faculdade dos sonhos é um processo que requer muito esforço de um vestibulando. Por um lado, há a ânsia de ingressar numa universidade e dar os primeiros passos rumo à carreira profissional tão almejada. Em contradição, a insegurança e o medo da recepção feita pelos veteranos geram grande desconforto. Com isso, os primeiros dias de aula se tornam um verdadeiro pesadelo para os novatos: humilhações públicas como apelidos maldosos, cabelos raspados, roupas sujas e irrecuperáveis, imposição às tarefas desagradáveis, entre outros, são alguns dos atos praticados conscientemente pelos veteranos contra os calouros. A erronia ideologia que sustenta esse tipo de comportamento é que os veteranos são superiores aos calouros, ou seja, há uma idealização de poder. É como uma monarquia, onde os novatos compõem a burguesia – oprimida e inferiorizada – enquanto os “velhos de casa” compõem a nobreza – que tem todo o poder de decisão sobre os burgueses e que é reverenciado por eles como seres superiores. Porém, esse tipo de comportamento, atualmente, em alarmado críticos e estudiosos, que têm questionado até onde permitir tais atos de violência moral e até mesmo física. Todavia, deve-se ressaltar a ideia de que há a permissão, na maioria dos casos, da parte dos novatos para este tipo de opressão. O que os conforta é o fato de que no ano seguinte, quando se tornarem veteranos, poderão oprimir os novos calouros. Dessa forma, o desejo por vingança, ainda que não seja contra seus próprios agressores, é o que aumenta a resistência e a aceitação de humilhações. Diante desses fatos, fica clara, portanto, a necessidade de haver uma conscientização universitária de que a humilhação e a não é a melhor maneira de dar boas vindas aos novatos. A mídia pode trabalhar com propagandas que abominem esse tipo de prática e as reitorias das universidades também podem criar métodos de correção para os que praticam os trotes. Só assim será possível trilhar o caminho do conhecimento sem medo, conscientes de que temos nossos direitos e deveres preservados como cidadãos brasileiros.