Hoje no Brasil, os trotes vêm se tornando cada vez mais violentos devido à acirrada competição dos vestibulares e à hierarquização dentro das universidades. Os estudantes participam de um processo de seleção demasiado conflitante. Além disso, ao ingressarem na universidade os calouros se deparam com veteranos que se consideram superiores a eles, submetendo-os a situações violentas. O vestibular é um sistema que, embora mecanicista, seleciona somente os melhores para determinado curso. Os estudantes, ao longo de sua passagem pelo ensino médio, são pressionados e inseridos num ambiente de competição, onde se desenvolve um sentimento desesperado pela aprovação. Ao chegarem na universidade, eufóricos, muitas vezes sofrem violência e humilhação por parte daqueles que supostamente deveriam socializar com os mesmos. Entretanto, os calouros desejam a inserção naquele grupo e por isso se calam perante as atrocidades cometidas. O trote tem origens que remontam as primeiras universidades do mundo. Essa atividade reproduzia a rígida hierarquia existente entre professores e alunos. No contexto contemporâneo, os trotes reforçam a hierarquização presente entre veteranos e calouros, uma situação de relações distorcidas de poder. Resultado disso é a submissão a que os novos alunos têm de suportar, envolvendo práticas que não só expõem os estudantes ao ridículo, como também agridem sua integridade física e moral. Embora os trotes sejam tradição de iniciação dentro das universidades, a mensagem de inclusão e parceria que deveria ser passada de veteranos para calouros, está se transformando em covardia contra os novatos. Não se pode aceitar que a violência continue com o pretexto de que se tratem apenas de “brincadeiras”. O filósofo Jurguen Harbermas já dizia que a sociedade é dependente uma crítica às suas tradições, e essa tradição, que se tornou violenta e fora de propósito deve sofrer mudanças imediatamente.