Trote Cultural. A prática que perdurou séculos e até hoje é praticada se tornou tradição. O hábito de raspar os cabelos dos calouros vem desde a Idade Média. Por causa de medidas higiênicas os calouros raspavam os cabelos ao entrar na universidade para não passar piolhos no ambiente escolar. Vem também do período medieval o fato de chamarem os calouros de "bichos". A hierarquia instaurada no âmbito acadêmico fazia com que os veteranos se considerassem os civilizados e os calouros os animais a serem domesticados. Com o passar dos tempos o trote ganhou versões violentas baseadas em práticas preconceituosas perante o qual está entrando na universidade. Foi o que aconteceu em 1999 quando o estudante Edilson Hsuch foi encontrado morto na piscina da Faculdade de Medicina da USP. Esse foi um dos vários casos trágicos que acontecem até hoje nas festas de "calourada". O trote é considerado um rito de integração e passagem fazendo com que aflore um sentimento de vingança em relação aos próximos calouros que virão no ano seguinte. Hoje, uma prática que acontece em muitas universidades é o trote solidário. Consiste em ações voluntárias, como doação de sangue, alimentos, roupas, entre outros. Mas de acordo com o professor da Universidade Federal de São Carlos e autor do livro O trote na Universidade:Passagens de um Rito de Iniciação, Antonio Zuin afirma que mesmo o trote dito solidário possui em seu âmago essa ideia da domesticação do calouro. E por isso não pode ser identificado como uma alternativa definitiva para a inserção dele na vida acadêmica. Esses episódios humilhantes registrados todos os anos se perpetuam porque nem universidades nem sociedade se empenham para acabar com essa prática. Há muito a ser feito no campo acadêmico. É preciso reconhecer que a sua estrutura muitas vezes autoritária contribui para a perpetuação de trotes violentos. A população e o corpo discente devem se mobilizar para acabar com esses atos de brutalidade e de tortura.