Título da redação:

A ditadura da iniciação

Tema de redação: Trotes universitários

Redação enviada em 12/03/2016

A inserção de estudantes na universidade é normalmente envolta da tensão provocada pelo ambiente que dará início a formação profissional do indivíduo. Com isso, a recepção daqueles que já estão há algum tempo na instituição, os chamados veteranos, é uma boa forma de amenizar o nervosismo dos ditos calouros.Entretanto, a realidade é que o acolhimento nas universidades de todo o mundo está cada vez mais abusivo e violento. O trote universitário tem origem medieval, porém, com o tempo sofreu uma drástica mudança em seu intuito. Se antes o tratamento diferencial dos calouros era uma medida profilática, hoje, se tornou em muitos casos a demostração de um poder inexistente dos veteranos. Esse se dá por meio da exigência de "rituais de iniciação" humilhantes e que afetam a visão inicial do estudante sobre o meio acadêmico. Com isso, ele se torna apto a repetir a atitude com outros iniciantes no próximo ano, produzindo assim, um ciclo vicioso. O discente teme a repressão caso não se sujeite ao que lhe é ordenado nos primeiros dias de aula, tendo como receio o bullying e o isolamento social a que pode estar sujeito. Cria-se então um ambiente de dominantes e dominados, pautado em uma hierarquização que ultrapassou limites e se insere no meio intelectual. Por meio da exposição ao ridículo de forma abusiva, que geralmente está associada a ingestão de álcool, coloca-se até mesmo a vida dos estudantes em risco. É necessário que as instituições de ensino definam os limites a que se pode chegar um trote, por meio de leis rígidas, deixando claro a não obrigação participativa no evento. Além disso, deve-se criar um sistema de denúncias, de preferência com caráter anônimo, para que a vítima não tenha medo de notificar determinado caso ou apreensão. Ademais, é preciso promover discussões entre os alunos para debater as consequências que uma "brincadeira" pode acarretar no psicológico do universitário e futuro profissional.