Contemporaneamente, o exercício da tatuagem deixou de ser uma atividade marginal, feita em lugares improvisados ou em penitenciárias para tornar-se uma atividade comercial e legitimada no meio urbano, com lugares devidamente pensados para o exercício dessa prática que representa, não só um modismo mas, principalmente, uma forma de singularização, uma maneira de cristalizar em si uma identidade escolhida. Segundo o SETAP – Sindicato dos Estúdios de Tatuagem e Body Piercing de São Paulo – a estimativa é que, no Brasil, haja 25 milhões de pessoas tatuadas, que relatam realizar tal prática para sentirem-se únicas, independentes e/ou marcarem uma experiência importante de suas vidas. Com isso, o número, significativo, de indivíduos tatuados mostra que a tatuagem está, cada vez menos, sendo associada a marginalidade e ao comportamento desviante. Contudo, por mais que esta prática se encontre mais aceita e difundida, certos limites ainda circunscrevem os padrões que a delimitam, instituindo noções do que pode ser considerado normal e admissível. Desta forma, a sociedade divide os corpos em lugares aceitáveis ou reprováveis para a impressão das tatuagens, em uma atitude claramente desrespeitosa com a escolha do indivíduo que resolve tatuar-se. É perceptível, portanto, a presença que a tatuagem apresenta na sociedade. No entanto, posições preconceituosas e estereotipadas ainda existem e não podem ser mais aceitas. É preciso educar a sociedade para que entendam que a escolha, cada vez mais frequente, de tatuar-se é algo individual. Faz-se necessário retratar o assunto com maior clareza em escolas, universidades e locais de trabalho, com palestras organizadas por ONGs que auxiliem a população a eliminar o estereotipo que possuem sobre os tatuados para uma convivência social cada vez mais pacifica. Afinal, como o antropólogo Lévi-Strauss já dizia: “O homem é um ser biológico ao mesmo tempo que um indivíduo social”.