A aplicação de tatuagens é, historicamente, um fator que esteve presente dentro de diversas sociedades. Essa arte corporal pode ser analisada por diversos contextos e visões, ao fato que, exercendo diversas funções ao longo dos períodos históricos, tornou-se um tópico complexo para uma análise simplista. A cultura das tatuagens, estando inserida na nossa sociedade atual, revela-se principalmente como uma forma de expressão e identificação pessoal ou grupal, enriquecendo a pluralidade cultural. Apesar do relevante valor cultural e de expressão, as tatuagens estão comumente rotuladas a partir de uma visão depreciativa e desvalorizadora dos portadores de desenhos corporais. Esta realidade, em partes, deve-se a construções sociais passadas, em que as camadas da sociedade popularmente conhecidas pelo uso de tatuagens eram penitenciários e criminosos, o que, através das instituições formadoras de indivíduos, como a escola e a igreja, implementou um pensamento negativo comum sobre o assunto, através de fatos sociais, que são fatores externos ao indivíduo, que influenciam a forma de pensar e agir do mesmo, como explica o sociólogo francês Émile Durkheim. De maneira oposta ao rótulo comum pejorativo das tatuagens, estas apresentam diversos significados e valores que estão acima de um preconceito ainda enraizado. As marcas na pele, usualmente, possuem um conteúdo relacionado a vida e características do indivíduo que as porta, ato que já era utilizado milhares de anos atrás para demonstrar os feitos pessoais e as funções sociais de cada um, e que voltou a popularizar-se com os marinheiros nos séculos recentes. Portanto, fica clara a importância das tatuagens para o despolarização cultural de uma sociedade, permitindo aos indivíduos e as tribos sociais um meio para o reconhecimento no corpo social. A constante quebra de paradigmas sociais tem incentivado a maior “liberdade” para com o ato, que, com o passar do tempo, tem permitido pessoas de diversas classes sociais a utilização de tatuagens, sendo este um sinal de um início de mudança deste adesivo social. Ao analisar a questão, torna-se necessário, por conseguinte, a ação da sociedade e do Estado em prol desta liberdade individual. O Governo Federal deve implementar políticas públicas em escolas, demonstrando a já atual normalidade do uso de tatuagens as crianças e adolescentes, promovendo um indivíduo que aceita a multiculturalidade. O desenvolvimento de parcerias público-privada com agências de publicidade poderia auxiliar na inclusão e aceitação dos portadores de tatuagens, além de trabalhos específicos de prefeituras, realizando palestras em empresas, através de especialistas no assunto, demonstrando a importância das tatuagens para os portadores e sua relevância para um integração sociocultural.