Antigamente marcas, coloridas ou não, gravadas na pele era a forma de identificação de tribos e de registro de mudanças que ocorriam na vida de um grupo. Hoje, a tatuagem é utilizada como meio de afirmação de personalidade e, majoritariamente, como modismo. No entanto, pessoas que optam por gravar imagens na pele sofrem as consequências negativas dessa escolha na sociedade brasileira. Em decorrência do processo histórico e cultural, muitas pessoas que possuem tatuagens são vítimas de preconceitos. Anteriormente, a tatuagem era restrita a determinados grupos sociais como marinheiros e presidiários. Tal utilização de desenhos na pele por parte marginalizada da sociedade contribuiu para a ocorrência de estereótipos preconceituosos acerca das pessoas, hoje, tatuadas. Ademais, a presença de valores morais distintos, no país, faz com que a tatuagem não seja apreciada por todos e, consequentemente, faz com que a discriminação também surja, haja vista que as diferenças alheias, ainda, não são aceitas com naturalidade no Brasil. Logo, pessoas adeptas às marcas feitas por agulhas são marginalizadas. Além disso, as marcas à tinta, consideradas por muitos como arte, é um fator decisivo para o mercado de trabalho. Muitas pessoas que concorrem as vagas de empregos não são contratadas por terem tatuagens. Isso é um dos reflexos do preconceito existente, porém, segundo pesquisas, grande parte de tatuados possuem ensino superior e qualificação profissional. Assim, ao passo que essa grande quantia de pessoas não é incluída no mercado de trabalho, a economia do país é abalada. Ainda, vale lembrar que quando o modismo é o que leva as pessoas a se tatuarem, as consequências são desastrosas. Parte considerável de jovens, levados pela influência de amigos e artistas, optam pela tatuagem sem antes refletir. O resultado disso, no futuro, é o anseio pela retirada delas, a insatisfação com o próprio corpo e, até mesmo, a realização de procedimentos caros de remoção, que nem sempre têm resultados positivos. Dessa forma, isso provoca um problema social, pois pode acarretar danos traumáticos aos indivíduos. Dessa maneira, para que registrar algo embaixo da epiderme não seja motivo de problemas, medidas têm de serem tomadas. É preciso que o Governo Federal, em parcerias com empresas privadas, crie campanhas, no âmbito empresarial e social, que abordem a temática histórica da tatuagem e as transformações sociais que ela sofreu ao longo do tempo, afim de que o preconceito seja extinguido. Por fim, é imprescindível que o poder público, em parcerias com a mídia e organizações não governamentais, divulgue informações sobre os riscos de se fazer tatuagens sem antes pensar. Isso com o objetivo de diminuir os danos causados por decisões inconsequentes. Só assim, a longo prazo, a imagem gravada na pele não será motivo de tantos impasses no país.