Modificações corporais sempre estiveram presente na história da humanidade, como em povos indígenas que tinham o costume de marcar seus corpos com gravuras para fins variados -identificação de tribos, por exemplo. Hodiernamente, o Brasil enfrenta uma discussão à respeito da finalidade do uso de tatuagens, na qual parte da população considera-as como uma forma de manifestação cultural, enquanto outra parcela vê com maus olhos esse tipo de arte e discrimina seus adeptos. Mesmo o Brasil sendo um Estado laico, grande parte dos valores humanos ainda se baseiam em dogmas cristianistas, e estes preconizam modificações corporais, uma vez que para seus seguidores, o corpo é um presente de Deus, fazendo com que fiéis enxerguem tatuados como pecadores, e, de certa forma, inferiores a eles. Ainda, acontece a marginalização do movimento, já que, muitas vezes pessoas tatuadas sao associadas a presidiários. Esse tipo de preconceito enraizado na sociedade, favorece uma realidade onde brasileiros não possam expor corpos que fujam de um padrão, sendo que este, no caso, não apresenta tatuagens. O determinismo Lamarckiano propõe o seguinte: organismos que melhor conseguirem se adaptar a modificações do ambiente, prosperarão, e aqueles que não, perecem. No entanto, quando somos apresentados a uma sociedade preconceituosa, adaptar-se não é uma alternativa, restando somente a luta, para que esta torne-se mais acolhedora às diferenças de cada um. O movimento dos tatuados é crescente, e abrange muitos segmentos populacionais, e, ao contrário de uma crença popular preconceituosa, não é composto apenas por detentos, onde, em uma publicação da editora Abril, aproximadamente 60% das mulheres brasileiras são tatuadas, além disso, 61,2% das pessoas que frequentam/frequentaram o ensino superior, são tatuadas. É notório, portanto, constar que modificações corporais, de qualquer gênero, não definem caráter. E ainda, a desmarginalização de todos os componentes da categoria se faz necessária e urgente, ela pode ser realizada por meio de medidas conscientizadoras, como palestras em escolas, realizadas pelo MEC (Ministério da Educação), com o objetivo de desvincular tatuagens de ações criminalistas. Ademais, se o leque dos padrões de beleza for ampliado para abranger a totalidade das representações humanas, esse cenário pode ser mudado, entretanto, representações midiáticas devem mostrar pessoas de todas origens. Por fim, a fé individual não deve interferir nas escolhas de alheios, esse pensamento deve ser pregado em qualquer centro religioso. Por meio das supracitadas, tatuados poderão mudar a maneira como sao vistos pela sociedade.