O uso de tatuagens é uma prática histórica, a qual, diante de diferentes épocas e contextos, teve inúmeras funções para variados grupos sociais. Nesse sentido, é coerente avaliar que, mesmo ainda vista de forma preconceituosa por parte substanciosa da sociedade, essa marca cultural configura-se uma importante ferramenta para a formação da identidade do indivíduo, o que permite o enriquecimento das diversidades sociais. Antes de tudo, é significativo pontuar a respeito do olhar muitas vezes discriminatório da sociedade ao uso de tatuagens. Nessa ótica, muitas pessoas são rotuladas com adesivos sociais altamente depreciativos apenas pelo uso desses acessórios artísticos. Na verdade, essa postura segregacionista de parte do meio cívico dificulta a inserção das pessoas tatuadas em certos ambientes de trabalho, comprometendo sua estabilidade econômica. Assim, nota-se, mesmo na contemporaneidade, a perpetuação de um entrave à solidificação das relações interpessoais, a qual remete à teoria de "sociedade líquida" do sociólogo Zygmunt Bauman. Não obstante, é válido pontuar a respeito da exímia contribuição das tatuagens, no sentido de promover a heterogeneidade populacional. Nesse prisma, a variedade estética permite a quebra dos convencionalismos socioculturais, viabiliza o convívio mais sereno das diferenças. Sem falar nas próprias singularidades estilísticas das tatuagens, conferindo uma divergência identitária ainda maior entre as tribos urbanas. Dessa forma, nota-se a clara contribuição dessa prática plástica, rompendo com a padronização social habilmente criticada por pensadores como Aldous Huxley, em sua obra "Admirável Mundo Novo". Relativamente a essa questão, é urgente, por conseguinte, a atuação efetiva por parte das autoridades instituídas em promover campanhas publicitárias as quais objetivem o combate ao preconceito das singularidades. Cabe, ainda, a inserção nas escolas públicas e privadas de aulas voltadas à educação antidiscriminatória e da atuação dos pais em casa, a fim de possibilitar um país mais ético e digno de sua riqueza social.