Em "O ensaio sobre a cegueira" de José Saramago, o autor descreve a situação precária e desumana de um local que abrigava as pessoas cegas. No livro, onde e quando ocorreu a história, não é dito por nenhum personagem, assim, pode-se concluir que a situação ilustrada pode ser referente a qualquer época e lugar. O sistema prisional brasileiro é precário e, além da sua superlotação, sofre com a falta de infraestrutura, podendo ser um dos exemplos de uma "cegueira" no mundo contemporâneo. Em uma de suas leis, o físico Isaac Newton cita que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço. Este fato científico não se aplica as leis penais atuais, já que em uma cela onde cabem 3 pessoas, habitam quase 20, segundo o Ministério da Justiça. Há mais presidiários do que o presídio pode comportar, causando uma superlotação, e, por consequência, aumentando os índices de violência como o caso do homem morto pelo companheiro de prisão em Minas Gerais no início de 2017. Além desse alto número de presos, estes não tem acesso a alimentação, higiene e atendimento médico adequado, fazendo com que muitos prisioneiros adquiram doenças infecciosas devido a má digestão de alimentos e de água contaminada, como também através da proliferação no ar. No Distrito Federal, mais de 600 detentos foram retirados de suas celas por estarem em estado grave e para prevenir o contato com os companheiros, por se tratar de uma doença contagiosa. Portanto, torna-se necessário uma maior atenção ao sistema carcerário do país. Dessa forma, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) - órgão federal responsável pelos presídios do Brasil - deve aumentar o numero de celas, construindo outros presídios ou aprimorando os já existentes, para que não haja a superlotação dos mesmos, diminuindo a violência dentro deles. É responsabilidade do próprio Depen, junto à Secretaria de Segurança Publica, o acréscimo de médicos que atendam dentro das prisões, através da ampliação do número de vagas, assim o número de doenças tende a diminuir, ocasionando um decréscimo nos óbitos. Assim, as prisões brasileiras, certamente deixaram de ser representadas no livro de Saramago.