“A violência não é força, mas fraqueza, nem nunca poderá ser criadora de coisa alguma, apenas destruidora”. Nos dias que correm, a citação de Benedetto Croce, historiador e filósofo italiano, nos permite reflexão a respeito de um tema fortemente abordado na sociedade brasileira: o armamento civil. No entanto, qual seria a conexão das palavras de Benedetto com tal questão? No ano de 2003, entrou em vigor no Brasil o Estatuto do Desarmamento, lei federal que proíbe o porte de arma por civis, com exceção para os casos onde há necessidade comprovada. De acordo com dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), sua criação resultou a queda de 12,6% na taxa de homicídios no país. No entanto, mesmo demonstrando resultados benéficos, em 2012 foi apresentado na câmara dos deputados o projeto de lei nº 3.722, que tenta revogar o estatuto e facilitar o acesso de civis a armas. Há quem defenda a revogação do estatuto por acreditar que tal medida diminuirá a violência por causar medo nos criminosos, já que haverá a possibilidade de reação das vítimas, assim transmitindo uma falsa sensação de segurança, uma vez que, a essência da cultura do armamento civil é baseada no medo. Ademais, dados da Folha de S. Paulo comprovam que a reação é algo extremamente arriscado, com um levantamento realizado em 2009 de 56 casos de latrocínio na Grande São Paulo ocorridos em 2008. Desse número, 75% desses crimes foram resultantes de reação da vítima. Assim ficando evidente que, o armamento civil, além de não prevenir o surgimento de bandidos, os torna ainda mais perigosos, numa realidade em que a probabilidade maior de reação a assaltos fará com que eles matem mais inocentes. Destarte, podemos relacionar as palavras já supracitadas de Benedetto com a questão do armamento civil, comprovando que violência não deve ser combatida com violência. Portanto, é indubitável o Estado brasileiro assumir o compromisso e objetivo de semear a paz pública e a segurança na sociedade. E isso passa não só por desmilitarizar e aprimorar as polícias, mas também pela implementação de políticas estruturais que façam com que cada vez menos pessoas vejam motivos para cometer crimes. Logo o Ministério da Educação (MEC) deve instituir palestras no meio educacional para que ocorra uma conscientização dos jovens em relação ao assunto de armamento e violência. Outrossim, a mídia também possui papel fundamental, devendo disseminar os malefícios que a revogação do Estatuto do Desarmamento pode ocasionar. Deste modo, proporcionando uma maior segurança à sociedade brasileira, sem a utilização de mais violência.