O Estatuto do Desarmamento, criado, no Brasil, em 2003, para proibir a posse de armas de fogo por civis está sofrendo tentativas de mudanças, desde 2015, afim de dar mais acesso à população quanto a posse de armas. Entretanto, armar a população não é a solução para o complexo problema da violência no país, pois, assim como dito por Mahatma Gandhi, figura lutadora pela paz, “olho por olho e o mundo acabará cego”. Primeiramente, é evidente o risco que muitas pessoas correm ao reagirem a um assalto sem estarem armadas. Contudo, ao portar uma arma, o cidadão corre um risco ainda maior. Segundo levantamento acerca de latrocínios ocorridos na capital paulista, realizado pelo Folha de São Paulo, em 2009, 75% de tais mortes foram resultantes da reação da vítima. Caso a população se armasse, uma reação seria ainda mais passível de acabar em tragédia. O bandido, sabendo da maior possibilidade de ser morto por uma arma de fogo pertencente ao cidadão, seria ainda mais violento ao perceber qualquer movimentação do assaltado. Além disso, revogar o Estatuto do Desarmamento não soluciona o complexo problema da violência no país. O Brasil é marcado pela disparidade social, desde a colonização com a criação dos latifúndios que colocou gigantescas porções de terras nas mãos de uma minoria. É evidente que desigualdades sociais é um dos fatores que aumenta a criminalidade em qualquer país. Quando educação e saúde de qualidade são uma realidade apenas dos mais afortunados financeiramente, a probabilidade de uma pessoa, marginalizada pelo próprio Estado, aceitar a vida do crime é muito maior. No Brasil, as escolas e o Sistema Único de Saúde, por exemplo, estão sucateados, o que dificulta o acesso ao trabalho e a saúde para a população mais pobre, privando-as de direitos básicos e constitucionais. Evidencia-se, portanto, que o governo deve repensar quanto à revogação que tenta fazer ao Estatuto do Desarmamento, visto que, caso a população se arme, a violência será ainda maior, aumentando o medo geral na sociedade. É importante que o governo, assim como fez campanhas para o desarmamento, financie programas na mídia que explique à população o quão perigoso é reagir a assaltos e porque portar armas não é a melhor alternativa, já que uma resposta violenta, como explicitado por Gandhi, não resulta em soluções. Além disso, cabe as escolas trabalharem tal assunto com seus alunos, afim de orientá-los. Ademais, o governo deve contribuir para a diminuição da violência cumprindo o papel do Estado e os deveres deste, previstos na Constituição de 1988, com políticas que melhorem a educação, a saúde, a habitação e a qualidade de vida da população.