Título da redação:

Do estado de natureza ao civil: as armas são manifestações das vontades humanas

Tema de redação: Sociedade e armamento: solução para a violência?

Redação enviada em 10/11/2016

Desde a invenção das armas de fogo até o fortalecimento de seu uso durante as guerras, pessoas de diferentes locais, culturas e valores acabaram por entender que um modo de proteger a própria vida seria portando armas, que tem como objetivo mais óbvio causar a morte. Desse modo, algo criado para matar foi tanto usado para este fim como para preservar a vida, porém não nas mesmas proporções, o que não fez com que a violência diminuísse e sim com que ela aumentasse. Logo, já que o porte de armas de fogo acabou gerando um aumento gradativo da violência, o que pode ser percebido no Brasil, não é plausível que haja uma proposta contra o Estatuto do Desarmamento que utilize como argumento a ideia de preservação da vida. De acordo com o filósofo Thomas Hobbes, o homem é o lobo do homem, ou seja, no estado de natureza todos os homens viveriam apenas em respeito às suas próprias vontades e acabariam por exercê-las, podendo causar violência. Por isso, os homens se submetem ao Estado, que por meio de suas leis garante a liberdade civil dos seres humanos, que abdicam de sua liberdade natural em troca da seguridade desse Estado. Sendo assim, o Estado devia assegurar que o ser humano estivesse totalmente protegido e não seria necessário o porte de armas de fogo para a proteção individual. A partir desse ponto, é possível refletir sobre como responsabilidades que pertencem ao Estado foram transferidas à própria população de modo a encarregá-la da preservação de sua própria vida. Cabe apenas ao Estado proteger a vida da população, pois, além disso ser garantido pela Constituição Brasileira, apenas o Estado possui o monopólio da violência, de acordo com Max Weber. Isso significa que apenas o Estado pode e tem liberdade de exercer o poder com o uso da violência e da força e que isso não compete à população. É preciso que haja uma reforma nas condutas e ações policiais, de modo que protejam com mais eficiência a população e só utilizem as armas em casos extremamente necessários de modo a não causar mais mortes. O Estado Brasileiro deve continuar incentivando o desarmamento da população e a protegendo de forma eficaz de acordo com as leis vigentes, sem que haja abuso de poder, violência e força. Afinal, apesar do Estado deter o monopólio da violência, não deve haver um abuso dela, o que pode levar à tirania.