Título da redação:

Desarmar sem desalmar

Tema de redação: Sociedade e armamento: solução para a violência?

Redação enviada em 24/07/2017

Todos os dias, ao acompanharmos as notícias nos jornais, deparamos com o fato de que a violência já é parte da nossa rotina. Assaltos, assassinatos, sequestros, tudo isso nos deixa com uma sensação de insegurança, já que as tentativas de diminuir a frequência desses episódios têm sido ineficazes. Esse contexto gera debates sobre o armamento civil, o que diminuiria a falta de segurança e, mais ainda, a sensação de impotência do cidadão. No entanto, esse recurso se mostra eficiente somente na teoria, já que, na prática, não solucionaria o problema, gerando outros, ainda mais preocupantes. É importante, primeiramente, pensar que a questão da violência no Brasil é muito profunda e está calcada em outras questões, como a desigualdade social, o sucateamento da educação pública e o tráfico de drogas intenso no Brasil. Isso significa dizer que armar a população não resolve nem um terço do gigante problema que temos em mãos, quando o indivíduo comete um crime representa somente a ponta de um enorme iceberg. Os defensores do Projeto de Lei 3.722/2012 argumentam que o Estado terá um maior controle de armas adquiridas de forma legal, com isso saberão quantas armas tem em circulação. Defender-se de um assalto, por exemplo, não significa, necessariamente, estar seguro, uma vez que a nossa insegurança não é causada por crimes isolados, mas por uma estrutura que os sustenta. Além disso, quando analisamos as possíveis consequências desse recurso, encaramos uma série de problemas que agravariam o estado de violência que estamos vivendo, em que, fatalmente, usaríamos as armas em outros contextos além da defesa pessoal. Nos EUA, por exemplo, onde o porte e compra desses artigos não tem grande restrição, são comuns os casos de assassinatos ou mesmo de chacinas promovidas por civis. Casos como o assassinato coletivo na Carolina do Sul, em que nove pessoas negras foram vítimas de racismo, levado às ultimas consequências, provam que facilitar o acesso da população não é uma boa alternativa. Por conseguinte, fica claro, que o armamento de civis não deve ser uma opção a ser considerada, pois mostra um recurso perigoso e nocivo a toda a sociedade, além de não representar uma solução para o problema da violência. Desse modo, cabe a nós, cidadãos, e ao Estado pensar coletivamente nessa solução, buscando resolver a questão desde a raiz, desfazendo sua estrutura por meio da escola, das polícias e das políticas públicas e sociais. Só assim deixaremos de mascarar o problema e passaremos a solucionar.