Os altos índices de criminalidade no Brasil provocam na população uma insatisfação pela falta de segurança e impunidade, que leva ao questionamento do projeto de lei do estatuto do desarmamento como solução da violência. Quem apoia o armamento da população reconhece a negligência do estado frente a segurança pública e defende o uso de armas para a manutenção de sua integridade física, porém, é falsa e ilusória a sensação de proteção dada pela defesa armada, pois segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), o Estatuto ajudou na redução dos casos de suicídios, acidentes e homicídios violentos, que podem voltar a crescer caso o desarmamento seja anulado. Com a anulação é provável que pessoas despreparadas psicologicamente utilizem o armamento de modo incorreto, da mesma forma os criminosos podem se tornar mais agressivos pelo maior risco de reação dos cidadãos comuns, causando um cenário ainda maior de tragédias. Um dos caminhos para minimizar a violência está na prevenção e não no indivíduo armado agindo de forma semelhante ao bandido. Essa prevenção encontra-se na cidadania e na garantia dos direitos fundamentais previstos por lei como moradia, saúde, educação. A origem da violência está nas desigualdades sociais, onde muitas crianças e adolescentes que vivem na miséria veem na criminalidade uma saída desse cenário, que poderá ser alterado pelas ações sociais, que através de iniciativas na educação de qualidade, profissionalizantes, esportivas, culturais e solidárias, podem dar uma nova oportunidade de escolha para essas pessoas, bem como a desobstrução de penitenciárias e a recuperação dos infratores fará a reintegração dos mesmos na sociedade. Apesar do ser humano ter o direito de defender a própria vida, o armamento não resolveria o problema, as armas em algumas situações até poderiam promover a diminuição da sensação da vulnerabilidade, mas a falta de preparo da sociedade não garante que isso ocorra. A problemática da violência será amenizada quando as falhas de segurança forem reparadas nas áreas sociais e também na parte operacional, como o combate ao tráfico ilegal de armas, e o controle das fronteiras, assim como melhores treinamentos e incentivos aos policiais para eficiência de sua função. Portanto, é necessário tratar a origem da violência antes de usar da mesma para seu fim. O distanciamento entre segurança e cidadania fomenta desigualdades sociais que através da pobreza e falta de educação elevam a criminalidade no país. Fortalecer o caráter educador do Estatuto fará crescer a conscientização e o respeito à vida, obtendo como resultado uma solução verdadeira da violência.