É de conhecimento geral que a Biblioteca de Alexandria- um dos mais grandiosos centros eruditos da Antiguidade- fora destruída em um incêndio em 48 a. C., significando uma perda de conhecimento lastimável para a posteridade. Nesse viés, hodiernamente, observa-se que no Brasil o Patrimônio vinculado à História e à cultura não é salvaguardado efetivamente, em razão não só da má gestão do dinheiro público, mas também da desvalorização de elementos histórico-culturais do país. No que se refere à administração dos gastos do Estado, é evidente a falta de direcionamento de capital para a preservação de museus , arquivos, bibliotecas e afins. Esses edifícios, sem rapasse suficiente de verbas para arcar com as despesas da manutenção estrutural local, encontram-se, muitas vezes, em situação de precariedade e deterioração, o que pode ocasionar possíveis tragédias como o incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro, em 2018. O Palácio da Quinta da Boa Vista, morada imperial no início do século XIX, foi destruído e "consumido" pelas chamas por ter sido negligenciado e esquecido pelo Poder Público, uma vez incumbido por diminuir custos destinados à proteção do passado brasileiro, agora transformado em cinzas. Outrossim, soma-se o fato da população, cada vez mais adepta dos recursos internacionais provenientes da globalização- responsável pela aproximação de diversas culturas no cenário mundial-, desconsiderar a importância e a riqueza dos componentes históricos brasileiros. Assim, afastando-se dos símbolos nacionais deveras vangloriados por Policárpo Quaresma, personagem criado pelo pré-modernista Lima Barreto que exalta as heranças indígenas, musicais e naturais do país, a sociedade deixa de creditar nos projetos e edifícios que preservam a autenticidade e a beleza singular do Brasil. Nesse sentido, urge que o Poder Executivo, juntamente com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), realize arduamente o repasse monetário para os setores administrativos encarregados pela proteção e fiscalização do patrimônio material e imaterial brasileiro, a fim de que se possa investir na melhoria dos espaços e acervos e na divulgação, nas mídias sociais, da sua relevância para o conhecimento acerca do passado e para a compreensão do presente. Dessa forma, o Patrimônio Histórico Cultural tornar-se-á preservado, passando para as gerações futurais muito além de cinzas.