O debate em torno do termo ‘’Belíndia ‘’ não é novo. Criada nos anos 70 pelo economista Edmar Bacha, essa expressão traz à tona uma reflexão relevante sobre o Brasil: um país heterogêneo que conteria uma Bélgica rica e uma Índia miserável. Hoje, quarenta anos depois, malgrado os notáveis avanços na distribuição de renda e na democracia, ainda existem problemas que parecem irreversíveis. No Brasil, os detentores do poder mantiveram a maioria da população fora do processo eleitoral por muito tempo. Passadas duas décadas do final da ditadura militar, a sociedade brasileira vive o maior período de democracia na história do país. Sendo assim, os movimentos sociais conquistaram espaços institucionais através de leis e de organizações que lutam pela garantia dos direitos. Além disso, houve um avanço gigantesco das políticas sociais relacionadas à distribuição de renda. Por exemplo, em uma década, o valor do salário mínimo cresceu 72% e o Bolsa Família, considerado o maior programa de inclusão social do mundo, proporcionou melhoria na qualidade de vida a mais de 50 milhões de brasileiros e retirou 36 milhões da extrema pobreza.Todavia,o assistencialismo pode ter um caráter paliativo, pois não representa o desenvolvimento da autonomia do cidadão. Em contrapartida, de acordo com o Fórum Econômico Mundial, o Brasil está na 88ª posição de um total de 122 países no quesito educação, falhando, principalmente, na qualidade do ensino em matemática e ciência. Consequentemente, a falta de mão obra qualificada é alarmante. Por exemplo, o Brasil enfrenta um grave déficit na engenharia, área considerada estratégica para o desenvolvimento de um país. Ademais, apenas 38% das residências brasileiras recebem algum tipo de tratamento de esgoto. Desse modo, milhares de crianças são acometidas por diversas doenças, como parasitas e diarreias. A diarreia, por exemplo, é apontada como maior causa de morte em crianças com menos de cinco anos. Conforme pesquisa, as que sobrevivem são prejudicadas em sua atividade cerebral, porque essa enfermidade priva o cérebro das calorias necessárias para o desenvolvimento pleno. Segundo o economista Eduardo Gianetti, não é viável um crescimento nacional saudável sem que a educação e o meio ambiente tenham uma centralidade nunca antes obtida nas políticas públicas. Em suma, as instituições da democracia representativa ainda são vistas como espaços para conchavos e negociatas, perpetuando a ignorância e a falta de infraestrutura como instrumentos de dominação. Logo, é mister a efetividade das leis mais severas contra os atos de corrupção .Ademais é imprescindível a consecução de um projeto de desenvolvimento,com metas a serem cumpridas em prazo determinado.Por exemplo,na área da educação o foco deve estar na verba direcionada para o ensino fundamental,por meio da valorização dos salários dos professores e da infraestrutura das escolas.Dessa forma,os indivíduos, desde o início de seu desenvolvimento,terão uma base educacional forte,propiciando a autonomia do cidadão.Além disso,no setor de saneamento básico, o governo deveria fazer o mapeamento de todas as regiões carentes de coleta e de tratamento de esgoto, para que até 2030 seja sanada essa problemática, garantindo que, em longo prazo, o Brasil que deu certo ajude o Brasil que não consegue avançar.