João Romão o personagem de Aluísio de Azevedo em "O cortiço", teve sua ascensão econômica e social ás custas de furtos e explorações de seus empregados. Esse retrato naturalista do século XIX nos mostra a conjuntura da sociedade da época marcada pela desigualdade social e extorsão. Ao analisarmos a estrutura da sociedade atual, mesmo quase depois de dois séculos, ainda podemos perceber resquícios desse modelo. A desigualdade social no Brasil sempre foi uma característica, mesmo após seu grande desempenho econômico, a população majoritária não conseguiu usufruir de maneira significativa, dos benefícios trazidos por todos os avanços do século XXI. A massa que faz girar a economia é a mesma que sofre com as consequências da desigualdade. A população que está à margem da sociedade e assiste as mudanças do país, não tem acesso as oportunidades para um melhor desenvolvimento social, tendo uma escassez na qualificação educacional e profissional, mínimo exigido no atual mercado de trabalho, para que se possa viver com estabilidade econômica. As políticas públicas e o mundo político do país agem de forma superficial, pois não vigorizam as causas, separam o sujeito da atividade de seu meio, propondo mudanças a partir de seus parâmetros, sem o intermédio de opiniões daqueles que de fato irão vivenciar essas mudanças. Em vista dos argumentos apresentados, é preciso analisar com clareza a situação do povo brasileiro, dar visibilidade e voz a ele são meios fundamentais que o governo deve seguir para melhor atende-lo. Ao passo em que a era pós-moderna é caracterizada pela “imediaticidade”, é imprescindível que essas ações sejam feitas nessa mesma ordem.