Foram ouvidos gritos de diferentes pessoas, com diferentes reivindicações, contra diferentes fatos, sejam eles sociais ou políticos. Nas manifestações de junho de 2013, foi possível observar um Brasil plural e tolerante. No entanto, aquelas características já não existem mais. Como motivo, pode-se indicar o enfraquecimento da democracia. A democracia não é exercida quando se deixa de fora o que é contrário a nós. No desfile de 7 de setembro de 2015, pela primeira vez, ergueu-se um muro de ferro para separar manifestantes que clamavam por mudanças. Eles, então, não puderam exercer o seu direito de manifestar e, ainda, criou-se uma dramática divisão entre dois grupos, pró e contra o governo. Esses grupos, posteriormente bem definidos, foram novamente divididos pelo intransponível muro nas manifestações pelo impeachment da Presidente Dilma Rousseff, em 2016. A crise política criou divisões e aflorou a xenofobia arraigada na sociedade brasileira. Coxinha ou Mortadela, ao qual você pertence? E foi assim, dois grupos com pensamentos concluídos sobre questões em jogo e totalmente aversos às opiniões entre si. Ademais, o clima de divisão proporcionou o surgimento de vários outros grupos, mas agora que repugnavam pessoas de diferentes raças, opções sexuais ou religiosas. Enfraquece-se, assim, a democracia quando não há o exercício das diferenças, como se diz Lilia Schwarcz, antropóloga brasileira. Portanto, a busca pelo fortalecimento da democracia resulta numa maior aceitação entre as pessoas. Então, é imprescindível que, na busca por uma democracia fortalecida, o governo, as escolas e a sociedade se unam nesse propósito. O governo, e suas esferas executiva, legislativa e judiciária, deve governar observando o desejo e as necessidades do povo. As escolas, por sua vez, devem ensinar a importância e o exercício da ética, que visa a boa relação entre os cidadãos e o bem-estar da sociedade. Por fim, a sociedade deve enxergar que a perda da pluralidade e a intolerância causam separação, preconceito e conflitos, ou seja, tudo o que apequena uma sociedade. Uma sociedade mais democrática é mais inclusiva e, por isso, mais feliz.