Título da redação:

A construção de uma sociedade (in)tolerante

Tema de redação: Pluralidade e (in) tolerância no Brasil

Redação enviada em 31/07/2017

O Brasil é marcado pelo pluralismo em todos os aspectos, fruto de sua grande dimensão e, principalmente, da sua colonização, escravidão e migrações de todos os lugares do mundo. Embora uma das principais características do país seja a heterogeneidade, é perceptível que o passado e o presente do Brasil são marcados pela intolerância e opressão das minorias, ou seja, aqueles que fogem dos padrões ocidentais, que é ser homem, branco e bem sucedido. Para se compreender a intolerância e sua dimensão é interessante relacioná-la com o positivismo, que prega a evolução linear das sociedades, apesar de não ocorrer ao mesmo tempo para todos os povos, ficando ao encardo dos mais “evoluídos” de ajudar os mais “atrasados”. Além disso, o positivismo nega qualquer mudança ou sociedades distintas das características tidas como ideais, no caso, as europeias. Vários exemplos podem ser vistos no decorrer da história do ocidente, nos quais o positivismo e por consequência a intolerância foram postos em prática. Como quando os europeus chegaram às Américas e rotularam os nativos de inferiores por possuírem cultura, língua e crenças diferentes. O mesmo foi usado para justificar o neocolonialismo nos séculos XIX e XX, em que a África foi invadida e dividida por europeus com o objetivo de levar “o progresso e civilização” às diferentes tribos. Apesar de toda a pluralidade do Brasil, o país sempre foi e continua sendo intolerante. E isso ocorre em todos os segmentos, sejam ele raciais, religiosos, regionais, opções sexuais e gêneros. Tal inflexibilidade quanto ao diferente é justificada pelo passado do país, que associava, por exemplo, o negro, suas raízes, crenças e culturas como menores, por causa da situação inicial de escravo desses povos. Outro fato, é estrutura patriarcal que perdurou por séculos, na qual o homem era provedor e superior a todos, inclusive à mulher, que era totalmente submissa ao marido e não tinha voz na sociedade. E isso reflete nas diferenças salariais e de tratamento que ainda ocorrem hoje. Nos últimos 30 anos, após o fim da ditadura e estabelecimento pleno da democracia, as minorias que antes eram tolhidas da liberdade de expressão, passaram a ter voz e procurar seus direitos, o que influencia de forma direta esse tema tão recorrente na atualidade. Em virtude dos fatos mencionados, verifica-se que a educação é a principal ferramenta para a prática do respeito. Seria interessante que o Ministério da Cultura em conjunto com o MEC organizassem palestras nas escolas sobre as diferentes culturas do Brasil e suas influências na construção na identidade da nação. A fim de instigar a compreensão de pais e alunos para entender que valorizar as diferenças étnicas, culturais e religiosas, não significa aderir os valores do outro, mas respeita-lo como expressão da diversidade. Os pais são fundamentais na construção de indivíduos mais tolerantes, pois ninguém nasce com aversão ao diferente, esses são valores absorvidos ao longo da vida, por isso os pais precisam sempre dialogar e mostrar aos filhos que não existe pessoas melhores do que as outras, e os indivíduos não podem ser julgados por suas características físicas, origem, opções, gênero ou idade, e sim por seu caráter.