Lançada em 2009 pelo grupo musical Racionais, a música "Um Homem Na Estrada" retrata o drama vivenciado por uma moradora da Zona Leste de São Paulo que, por se posicionar contra o tráfico de drogas em sua comunidade, foi estuprada e morta a pauladas por traficantes líderes de uma facção local. Assim como na música, observa-se hoje que a violência contra a mulher ainda é uma triste realidade que assola a sociedade brasileira, principalmente no interior do país, onde o patriarcado, somado à submissão feminina e a exploração sexual, ainda se faz presente. De acordo com uma pesquisa realizada pelo jornal Folha de São Paulo, em outubro de 2018, estima-se que o número de mulheres vítimas de algum tipo de abuso, seja ele físico ou emocional, aumentou 30% em relação ao ano anterior, ou seja, analisando os dados, observa-se que, mesmo após as inúmeras campanhas de conscientização transmitidas pelos veículos telecomunicativos, o aumento expressivo de crimes cometidos contra a população feminina cresceu drasticamente. Sendo assim, pode-se dizer que esse aumento exponencial em um curto período de tempo se deve ao fato de que, por temer possíveis futuras ameaças; a vítima deixa de registrar a denúncia tendo a falsa impressão que tal acontecimento não passou de um fato isolado e que, por isso, não se repetirá mais vezes. Dessa forma, torna-se necessário medidas protetivas de urgência, como a restrição de aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor. Além dos problemas relacionados à violência, outro fator que agrava ainda mais a situação refere-se à quantidade de adolescentes recrutadas para trabalharem em casas de prostituição no interior do país. Um exemplo claro desse retrocesso social aconteceu no estado do Maranhão, em que o Ministério Público local abriu um inquérito para investigar a participação 2 pessoas envolvidas no aliciamento de mulheres no interior do estado. Na ocasião, após as investigações apontarem o lugar exato onde os crimes aconteciam, a Polícia Federal encontrou um ambiente de trabalho forçado, análogo à escravidão, em que mulheres eram obrigadas a praticar atividades libidinosas contra a sua vontade, fato esse que caracteriza o crime de estupro, garantido no Código Penal brasileiro. Dessarte, para que seja possível minimizar a persistência da violência contra a mulher na sociedade contemporânea, é preciso que o poder judiciário, por meio de uma emenda constitucional aprovada no Senado e na Câmera dos Deputados, tipifique como crime qualquer forma de agressão contra pessoas do sexo feminino, mesmo que a vítima se recuse a prestar queixa do agressor, pois, havendo indícios e provas suficientes de que o fato foi consumado, torna-se necessário a reclusão imediata do envolvido. Ademais, cabe ao Ministério da Tecnologia, em parceria com a Secretaria de Segurança, criar uma ouvidoria pública online que registre denúncias anônimas feitas por mulheres que estejam passando por esse tipo de situação e investigue-os, preservando a integridade e identidade do delator dado que, agindo dessa forma, a problemática será atenuada, e a influência desses dados será minimizada.