A visão de que o homem tem em seu corpo tornou-se bastante versátil ao longo dos anos. Na Idade Média, por exemplo, tinha a visão de matéria corporal como um "lugar de tentações". Na revolução industrial o homem era visto como um objeto de trabalho. Na sociedade contemporânea, pela direta influência da mídia, padrões de beleza estão sendo difundidos e impostos. Nota-se hoje a constante preocupação do indivíduo pelo corpo, especialmente os jovens. Academias, clínicas estéticas e cirurgias plásticas são as principais ferramentas utilizadas atualmente em busca dos moldes do belo. Porém, os que não se adaptam no padrão, seja por questões financeiras ou pelo estado de satisfação com o corpo atual, são rotulados negativamente dentro da sociedade e viram motivo de escárnio. Esse comportamento massifica inúmeras consequências. De fato, os padrões de beleza tendem a levar as pessoas a uma vida saudável, com práticas de exercícios e dietas alimentares. Contudo, os resultados são de longo prazo, por volta de meses ou anos. Diante disso, as pessoas, jovens principalmente, entram em contato com anabolizantes esteroides, entre outras drogas que prometem o corpo perfeito em questões de semanas, além de o custo ser menor. Influenciados por tantos "benefícios", o jovem tende a contrair várias doenças, colocando a saúde em risco. Outrossim, as clínicas de estética clandestinas, os "açougues", que são frequentadas por jovens sem condições financeiras e buscam um corpo esculpido, também podem vir a causar consequências irreversíveis. Com isso, há uma elitização do belo. Além disso, as ações midiáticas que criam uma sociedade alienada e que satiriza e exclui o diferente, contribuem para a progressão de transtornos psíquicos e distúrbios alimentares. Indivíduos com porte físico ou alguma anomalia diferente do "ideal", são motivos de chacota, bullyng e até violência. Esse cenário propicia a baixa autoestima, anorexia, bulimia e a incapacidade de socialização, gerando exclusão e revolta. Em vezes, ocasiona o suicídio e até atentados, como ocorreu em Realengo, no Rio de Janeiro, em 2011, quando um rapaz que sofria bullyng em sua escola por ser manco decidiu voltar no local e provocar um massacre, matando vários inocentes. Não há duvidas de que hoje o conceito de beleza e os seus preceitos são facilmente alcançados pela classe A, elitizando o aspecto. Além disso, a mídia detém o papel de propagar e influenciar a sociedade, construindo o grupo privilegiado. Por isso deve haver uma regulação da influência midiática, com a criação de consultas públicas, mesclando o belo aos padrões comuns de beleza na sociedade, atenuando o drama de quem não pode ser "bonito" hoje. Gordo também é bonito, baixo também é bonito. E é preciso estimular a valorização do eu desde cedo. Desse modo o MEC, juntamente com as emissoras de TV, devem criar propagandas e desenhos infantis para despertar o olhar pelo caráter da pessoa, e não sua "beleza". Pois o que é realmente belo está dentro de cada indivíduo.