Desde que a sociedade é sociedade, ela teve seus padrões para tudo: trabalhos, aquisições, moda, corpos perfeitos. Em uma época, glorificavam-se as gordinhas. Agora, é o tempo das magrinhas. Aliás, das magérrimas. Ter 48 quilos em um metro e setenta é o sonho de praticamente todas as mulheres que vivem à busca da perfeição, seguindo uma mídia que rouba nossa individualidade, exige-nos sacrifícios e, por consequência, faz com que tenhamos de lidar diariamente com obsessões e preconceitos. Principalmente depois do século XIX, as mulheres lutam pelos seus direitos, e têm conseguido conquistar vários deles. Hoje, somos símbolos de poder em diversas instâncias. Entretanto, esta liberdade vem-nos sendo roubada e somos violadas sem que percebamos, tendo a individualidade corrompida, para sermos aceitas pelos padrões atuais. Quando crianças, já imaginávamos sermos perfeitas como a Barbie, então crescemos e queremos ser como as atrizes famosas e lindas, e depois envelhecemos, e não aceitamos os sinais que a velhice traz. E tudo isso exige muito sacrifício. Deste modo, mulheres abrem mão diariamente de seu conforto para estarem na moda e serem maravilhosas. Isso exige dinheiro, tempo e saúde. Fazem sacrifícios aos quais não deveriam estar dispostas, como deixar de sair com as amigas para tomarem uma cerveja ou sair para lanchar com seus filhos. Assim, as mulheres se afundam em insatisfação e depressão por não conseguirem ser como as top models, quando tudo o que querem é se sentirem “bem resolvidas” (pelos padrões da sociedade, infelizmente). Por isso, acabam tornando essa busca pela perfeição um vício, ficando literalmente doentes, física e psicologicamente. Já acordam pensando no mínimo de calorias que consumirão no dia, não pela saúde, mas para serem perfeitas, tornando-se infelizes quando o conseguem. Visto isto, temos de zelar pela integridade das mulheres, quebrando estes tabus de perfeição que a sociedade, egoísta e preconceituosa, lhes impôs. Devemos articular, através dos meios de comunicação, que a busca deve ser pela saúde, e que estar bem e satisfeito consigo mesmo do jeito que a pessoa é, é a felicidade verdadeira, e que temos belezas próprias. É isso: devemos ser singulares, e não perfeitos.